segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Lição 7 - O Senhor do Sábado - dias 11 á 18 de Fevereiro
Senhor do sábado
Sábado à tarde
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Ano
Bíblico: Nm 1–3
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VERSO
PARA MEMORIZAR: “O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte
que o Filho do homem é senhor também do sábado” (Mc
2:28).
Pensamento-chave: O descanso do sétimo dia, em todos os sentidos, nos conduz a
Jesus, nosso criador e redentor.
No princípio, era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.
NEle, estava a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas
trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo
nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que
todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo, estava
no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu. Veio para o que
era Seu, e os Seus não O receberam. Mas a todos quantos O receberam deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no Seu nome, os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de
Deus” (Jo 1:1-13, RC).
Esses versos estão, com certeza, apontando para Jesus, Aquele que fez “todas as coisas” e que dá salvação aos que “creem no Seu nome.” Ou seja, Jesus como Criador e Jesus como Redentor. E, como a Bíblia nos mostra, esses dois aspectos cruciais do que Jesus fez são encontrados no mandamento do sábado.
O sábado em Gênesis
Uma das verdades mais
profundamente arraigadas da Bíblia é que, no jardim do Éden, em um mundo
perfeito, criado por um Deus perfeito, o sétimo dia foi separado do restante da
semana e santificado. Isso mostra há quanto tempo o sábado existe e como ele é
fundamental. Do ponto de vista deste mundo, não é possível alcançar muito mais
que isso no passado. Com o sábado, estamos lidando com uma das mais
fundamentais e essenciais de todas as verdades bíblicas.
Deus criou o sétimo dia,
descansou nesse dia, o abençoou e o santificou, o que significa que Ele o
santificou ou o separou para uso santo. É maravilhoso saber que o próprio Deus
“descansou” no sétimo dia. Seja qual for o significado desse descanso, isso
mostra a seriedade com que esse dia deve ser considerado, porque o próprio Deus
descansou nele!
Gênesis 2:3 também afirma que o Criador “abençoou” o sétimo dia, assim como havia abençoado os animais e o homem no dia anterior (Gn 1:22, 28). Deus Se referiu a essa bênção do sábado no quarto mandamento do Decálogo, ligando para sempre o sábado da criação com o sábado semanal.
2.
Quantas vezes a expressão “sétimo dia” é repetida em Gênesis 2:1-3? Qual
é o possível significado dessa repetição?
Três vezes esse dia específico
foi mencionado. Isso destaca a natureza extraordinária do descanso do sétimo
dia e claramente o separa do restante da semana. Isso deve sempre nos lembrar
de que Deus não tornou especial o primeiro dia da semana, nem qualquer outro
dia. A bênção especial é apenas para o sétimo dia.
Com a criação do sábado no sétimo dia, Deus terminou Sua obra criadora. Ele tomou os sete dias e formou a semana. Esse ciclo semanal foi observado no restante das Escrituras e ao longo da história. Assim, Deus demonstrou Seu poder diversificado, não apenas sobre o espaço e as coisas do espaço, mas também sobre o tempo. Nenhum de nós pode controlar uma hora, e nem mesmo um minuto, do tempo. O tempo avança implacavelmente, completamente além de nossas maquinações. É muito importante que aprendamos a confiar no Senhor, em vista da pouca quantidade de tempo que temos aqui na Terra.
Pense na marcha do tempo, e como
ele passa rapidamente a cada momento, dia após dia, ano a ano. Embora não
tenhamos controle sobre o tempo, o que podemos controlar, até certo ponto, é o
que fazemos com ele. Você usa seu tempo da melhor maneira? Que coisas ocupam
seu tempo? Como você pode usar melhor o pouco tempo que tem na Terra?
Ano
Bíblico: Nm 7, 8
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O sábado em Êxodo
Todas as pessoas da família,
incluindo cada servo, de ambos os sexos, a classe trabalhadora juntamente com o
“patrão”, devem descansar ao mesmo tempo. O sábado é o grande equalizador, o
libertador de todas as desigualdades na estrutura social. Diante de Deus, todos
os seres humanos são iguais, e o sábado é a maneira única de revelar essa
verdade fundamental, especialmente em um mundo tão dominado por estruturas de
classe que colocam vários grupos “acima” ou “abaixo” dos outros.
Este mandamento é também uma unidade literária cuidadosamente estruturada:
A. Introdução: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (v. 8).
B. Mandamento: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra” (v. 9).
C. Motivação: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus” (v. 10).
B1. Mandamento: “Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas...” (v. 10b, NVI).
C1. Motivação: “Porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e... descansou...” (v. 11).
D. Conclusão: “Por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (v. 11b).
(A). Contém, como uma declaração de introdução, o princípio essencial do mandamento do sábado como um todo.
(B). Apresenta o mandamento positivo de se envolver no trabalho em seis dias da semana.
(B1). Comunica o correspondente mandamento proibitivo de se abster de todo trabalho no dia de sábado, incluindo a aplicação abrangente para toda a família. Até mesmo os animais domésticos, bem como todos os convidados em casa, estão incluídos.
(C) e (C1). Provê a motivação para os mandamentos; (C) Reconhece o fator tempo na sequência de seis dias/sétimo dia, enfatizando que “o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus.”
(C1). Contém a sentença de motivação formal com as expressões introdutórias pois ou porque. Apresenta a motivação detalhada com base nos seis dias de trabalho do Senhor e Seu descanso no sétimo dia, estabelecendo sua origem diretamente no primeiro sábado da semana da criação.
(D). É uma sentença independente, começando com a expressão por isso (ou portanto) e também formando a conclusão. As últimas palavras do mandamento, “e o santificou”, correspondem à exortação do princípio inicial.
(A). “Para o santificar.” As sentenças da introdução e da conclusão estão ligadas à santidade que Deus conferiu ao sábado em Gênesis 2:3.
Ano
Bíblico: Nm 9–11
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O sábado em Deuteronômio
Embora os adventistas do sétimo
dia estejam mais familiarizados com o mandamento do sábado como expresso no
livro de Êxodo, o Senhor o apresentou de novo (e também todos os outros
mandamentos) no livro de Deuteronômio. É maravilhoso notar que, embora os
mandamentos apareçam em linguagem muito semelhante, a linguagem não é
precisamente a mesma. Além disso, em Deuteronômio o mandamento tem outra
motivação, que não é vista em Êxodo.
4. Que
semelhanças e diferenças existem entre as duas apresentações da lei? Por que
essas diferenças são importantes?Dt 5:12-15; Êx 20:8-11
Embora grande parte seja igual
entre os textos, há um novo elemento e uma nova ênfase. Ainda que ambos os
mandamentos falem sobre os servos descansando no dia de sábado, Deuteronômio
muda de direção para enfatizar esse ponto. O texto apresenta a razão pela qual
eles devem guardar o sábado: “Para que o teu servo e a tua serva descansem como
tu [ênfase nossa]” (Dt 5:14). Vemos aqui o que foi mencionado anteriormente: como o sábado
ajuda a colocar o patrão e o empregado no mesmo nível; ambos devem descansar no
mesmo dia. O sábado, em nível prático, oferecia aos servos uma proteção contra
os patrões que tentariam obrigá-los a trabalhar sem parar, uma proteção
construída a partir de um mandamento que teve sua origem na própria criação.
Evidentemente, isso levanta uma questão interessante. Quando o sábado foi instituído pela primeira vez, devia ser um memorial da criação em um mundo sem pecado. Não tinha nada que ver com servos ou servas e certamente não tinha relação com a escravidão no Egito, em si mesma um símbolo da escravidão do pecado; não tinha que ver com a libertação do cativeiro. Esse novo elemento foi acrescentado ao mandamento após a queda, isto é, o preceito original foi alterado para incorporar algo que ele não continha originalmente.
Assim, de acordo com o plano inicial, o sábado era símbolo da criação. Depois do pecado, passou a ser símbolo tanto da criação quanto da redenção, que é uma espécie de recriação (2Co 5:17; Gl 6:15; Ap 21:1). Criação e redenção estão intimamente relacionadas na Bíblia. Somente o Deus criador poderia ser o Deus redentor, e temos ambos em Jesus (Jo 1:1-14). As duas versões do mandamento mostram que o sábado é o símbolo da obra de Jesus, nosso criador e redentor.
Pense na escravidão da qual
Cristo prometeu libertar você. Que promessas de libertação você tem em Jesus?
Como você pode aprender a suplicá-las e permitir que o Senhor as realize em sua
vida?
Ano
Bíblico: Nm 12–14
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Jesus e Seu sábado: Parte 1
Livros foram escritos, e ainda
estão sendo escritos, com o único propósito de supostamente mostrar que Jesus,
quando esteve na Terra, afastou as pessoas do sábado, em direção à adoração no
domingo ou (como é mais comum hoje) à ideia de que o sétimo dia foi anulado e
substituído por um mais genérico e indefinido “descanso” em Cristo.
No entanto, nenhuma dessas opções parece ser encontrada em qualquer um dos relatos sobre Jesus e o sábado nos evangelhos. Além da razão óbvia para a publicação desses livros (a necessidade de justificar a rejeição do sábado pela grande maioria do mundo cristão durante os séculos XVII e XVIII), eles argumentam que as curas realizadas por Cristo no sábado anunciavam a morte desse mandamento.
E quanto a esses argumentos? Um exame cuidadoso do que Jesus fez no sábado mostra o oposto do que esses teólogos estão tentando tirar dos próprios incidentes.
5.
Leia Mateus 12:1-13. Qual
é o contexto da cura, por que Jesus a realizou especificamente no sábado, e
qual é a lição principal que Ele estava dando?
Talvez o texto-chave, que
explica tudo, seja o verso 7. Toda a questão era a respeito de pessoas, de misericórdia,
bondade e amor pelos outros. Adequadamente observado, o sábado nos oferece mais
oportunidades de mostrar bondade e misericórdia aos que necessitam do que
teríamos nos outros dias da semana, quando somos forçados a ganhar o sustento.
O problema era que o sábado havia se tornado sobrecarregado com muitas leis e
regulamentos criados pelo homem, que logo se tornaram um fim em si mesmos, e
não o meio para alcançar um fim: amar a Deus e as outras pessoas. A Bíblia
declara que o amor é o cumprimento da lei, e qualquer coisa que transforma a
lei em algo que nega o amor, ou que atua contra o amor deve ser descartada. O
sábado se havia tornado uma lei sem amor, o que é legalismo cruel. Era contra
isso que Jesus estava lutando ao curar no sábado.
A dureza da instituição religiosa foi vista na cura do cego de nascença (Jo 9). Observe o verso 16: Um exemplo de ênfase na lei sem amor!
No fim, se Jesus estivesse usando Sua cura no sábado para começar a afastar as pessoas do descanso do sétimo dia, com certeza essa teria sido uma estranha maneira de fazer isso.
De que maneiras podemos
apresentar a lei sem amor? Você tem cometido esse erro?
Ano
Bíblico: Nm 15, 16
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Jesus e Seu sábado: Parte 2
Por meio de Seus milagres no
sábado, Jesus demonstrou o real significado desse dia. É o dia para cura e
restauração. Jesus pretendia que o sábado chamasse a atenção para o poder
criador de Deus. Assim, o sábado é o dia em que Ele liberta os cativos (Lc 4:31-37), faz com que os coxos andem (Lc 13:10-17; Jo 5:1-9) e restaura a visão aos cegos (Jo 9).
Para Jesus, o sábado estava mais relacionado com pessoas do que com regras. Em parte, foi por isso que Ele fez Sua famosa declaração de que “o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2:27).
Ao mesmo tempo, como vimos anteriormente nesta semana, se devidamente guardadas, as leis protegem as pessoas.
Jesus não apenas confirmou a validade e importância de descansar no sábado enquanto viveu na Terra, mas fez isso também na Sua morte.
6. Que
fato foi apresentado pelos quatro evangelhos? De acordo com os textos, o sábado
ainda permanece válido? Mt 27:57–28:1; Mc 15:42–16:1; Lc 23:52–24:1; Jo 19:31–20:1
Depois que Ele clamou: “Está
consumado!” (Jo 19:30), isto é, depois da concretização da obra de redenção (antes de
Sua intercessão celestial), o que Jesus fez? Ele descansou no sétimo dia.
Parece familiar? Onde já vimos isso? É claro, em Gênesis 2:1-3. Depois da divina obra de criação, Ele
descansou no sétimo dia. Então, depois de Sua obra de redenção, Ele fez a mesma
coisa.
Além disso, à luz de toda a questão de Jesus afastar do sábado a humanidade, Seu exemplo de descanso na sepultura durante o sábado é, de fato, outra maneira estranha de comunicar essa ideia. Na verdade, especialmente por ter Sua morte confirmado a nova aliança, a qual supostamente anula o sábado, é muito difícil entender a lógica dos que acreditam que o mandamento do sábado foi abolido depois da cruz. Se tivesse sido abolido, por que a primeira coisa que Jesus fez depois da cruz foi descansar no sábado?
Assim, tanto na vida quanto na morte, Jesus nos mostrou a contínua validade e importância do sábado.
Ano
Bíblico: Nm 17–19
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Estudo
adicional
Deveria Deus impedir o Sol de
cumprir sua missão no sábado, deter seus fecundos raios de aquecer a Terra e
nutrir a vegetação? Deveriam os sistemas planetários ficar imóveis durante
aquele santo dia? Ordenaria às fontes que se abstivessem de regar os campos e
as florestas, mandaria às ondas do mar que detivessem seu incessante fluir e
refluir? Deveriam o trigo e o milho deixar de crescer, e o cacho adiar seu belo
colorido ao maturar? Não hão de as árvores florescer, nem desabrochar as flores
no sábado?
“… Deve-se atender às necessidades da vida, cuidar dos doentes, suprir as faltas dos necessitados. Não será tido por inocente o que negligenciar aliviar o sofrimento no sábado. … Deus não deseja que Suas criaturas sofram uma hora de dor que possa ser aliviada no sábado, ou noutro dia qualquer” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 206, 207).
Perguntas
para reflexão
1. Hoje, é fácil zombar da dureza e frieza dos líderes religiosos que atacavam Jesus. Mas tente se colocar em seu lugar. Essas regras feitas pelo homem existiam havia tanto tempo que esses líderes pensavam que elas fossem a própria essência da guarda do sábado. Por essa razão, eles realmente acreditavam que Jesus estava transgredindo o sábado. Como nos sentiríamos se aparecesse alguém hoje e, alegando ter grande luz e verdade, talvez até fazendo milagres, mas estivesse em nossa opinião pisando no quarto mandamento? Como reagiríamos? Que lição importante podemos aprender com esse exercício de saber separar a verdade da mera tradição? Por que nem sempre é fácil fazer isso?
1. Hoje, é fácil zombar da dureza e frieza dos líderes religiosos que atacavam Jesus. Mas tente se colocar em seu lugar. Essas regras feitas pelo homem existiam havia tanto tempo que esses líderes pensavam que elas fossem a própria essência da guarda do sábado. Por essa razão, eles realmente acreditavam que Jesus estava transgredindo o sábado. Como nos sentiríamos se aparecesse alguém hoje e, alegando ter grande luz e verdade, talvez até fazendo milagres, mas estivesse em nossa opinião pisando no quarto mandamento? Como reagiríamos? Que lição importante podemos aprender com esse exercício de saber separar a verdade da mera tradição? Por que nem sempre é fácil fazer isso?
2. Coloque-se no lugar de alguém que acredita que os milagres de Jesus no sábado mostram que Ele supostamente estivesse abolindo o descanso no sétimo dia. Compare o que a Bíblia ensina que Ele disse e fez com o que você pode imaginar que Ele faria se estivesse realmente fazendo essa mudança. O que você acha que Ele teria feito de maneira diferente?
Resumo: A Bíblia revela Jesus como o Senhor do sábado, o sinal básico de Jesus como Criador e Redentor.
Respostas
sugestivas: 1: Deus
criou o sétimo dia; descansou nele; abençoou e santificou o sábado. 2: Três
vezes; indica que Deus escolheu e honrou esse dia de forma especial, e que Deus
é Senhor da vida, do espaço e do tempo. 3: Trabalhar seis dias e santificar o
sábado, seguindo o exemplo de Deus. 4: Diferenças: o sábado é sinal da criação
e da libertação; paramos de trabalhar para não esquecer do que Deus já fez e
para lembrar do que Deus ainda faz por nós; semelhanças: trabalhar seis dias;
descansar no sétimo; igualdade entre ricos e pobres, humanos e animais. 5:
Jesus colheu espigas para comer e curou o homem que tinha a mão atrofiada, para
mostrar que Ele era Senhor do sábado e sabia o que fazia parte do espírito
desse dia, ao contrário dos fariseus. 6: O corpo de Jesus descansou na
sepultura no dia de sábado. Seus seguidores também descansaram, conforme o
mandamento.
Lição 7 –
Senhor do Sábado
Comentários
Sobre
o autor: Edilson
Valiante nasceu em São Paulo. Formou-se em Teologia em 1979. Por mais de 20
anos serviu como professor da Faculdade Adventista de Teologia. Foi distrital,
departamental de Educação e JA. Atualmente é o Secretário Ministerial da União
Central Brasileira. Casado com a professora Nely Doll Valiante, tem dois
filhos: Luciene e Eduardo.
Introdução
A raiz da palavra hebraica para
sábado é shbth, com o
significado básico de “cessar”. No Antigo Testamento encontramos a forma
substantivada shabbath (ou shabbathon), traduzida em nossas Bíblias
por “sábado”. A forma verbal é shabath, com a
tradução de “descansar” ou até “guardar o sábado”.
No grego do Novo Testamento, a
palavra “sábado” é a tradução do grego sabbaton (ou do
plural sabbata). A
influência do termo “sábado” no judaísmo do 1º século é tão significativa que a
expressão sabbaton pode se
referir também à semana como um todo (como em Lucas 18:12). Os dias da semana
eram determinados pela mesma expressão acompanhada do numeral. Por exemplo, o domingo,
primeiro dia da semana, é originalmente chamado do “primeiro depois do sábado”
ou “o primeiro [dia] da semana” (ver Mt 28:1; Mc 16:2, 9; At 20:7).
O
sábado no Antigo Testamento
A primeira referência ao sábado
encontra-se em Gênesis 2:1-3. O verso 1 estabelece o fato de que a criação
havia sido concluída. Embora o substantivo shabbath não
ocorra nessa seção, o verbo shabath aparece
três vezes e o pronome (“ele”) que se refere ao sábado é citado duas vezes.
Dia abençoado – O mesmo verbo
usado em Gênesis 2:2 para a bênção divina sobre o sábado é usado no capítulo
1:22, 28, quando Deus abençoou os animais e toda a humanidade. Assim, essa
bênção não se refere apenas a um sábado em especial, o primeiro, mas continua a
irradiar o mesmo valor a todos os sábados que viessem a ocorrer na história.
Por falar em história, como disse Philo de Alexandria, “o sábado é o
aniversário do mundo”.
Dia santificado – O significado
básico aqui é de um dia separado, reservado, diferente dos demais em sua
natureza. O sábado é um dia como os outros no sentido temporal (24 horas), mas
há um significado espiritual que o torna distinto dos demais. O tempo
“reservado” caracteriza a perpetuidade da declaração divina. A santidade do
sábado é confirmada por outras referências bíblicas, mas fora do Pentateuco.
Se Deus tivesse escolhido um
lugar como memorial de Sua criação, certamente nem todos os seres humanos
poderiam usufruir da bênção. Uns estariam próximos, mas a grande maioria não
poderia, pela distância, receber as bênçãos.
Se Deus tivesse escolhido um
objeto como representação de Seu poder criativo, esse se tornaria numa
relíquia, ou algo que seria venerado como o próprio Deus.
Deus definiu como o selo de Sua
criação uma parte do tempo. Não há nada mais universal que o tempo... Ele é
igual para ricos e pobres, moradores em qualquer parte do mundo e em qualquer
época da história. Em outras palavras, o sábado é acessível a toda a
humanidade. Ele é concedido em toda parte com a mesma regularidade e a mesma
quantidade. Assim, ele tem um caráter universal, imparcial e, especialmente,
gratuito. Tecnicamente falando, o tempo não pode, em si, ser venerado. Como o
tempo não é um fim em si mesmo, o sábado representa uma bênção interior, uma
experiência pessoal e relacional com o criador. Esse relacionamento com Deus se
torna o aspecto essencial do sábado.
Dia de descanso – Esse descanso
sabático demonstra que a criação estava completa. Tanto Deus como o ser humano
pararam para celebrar a criação. Portanto, o sábado é o presente que Deus nos
dá de Si mesmo. As bênçãos do sábado se tornam evidentes quando o ser humano
encontra o verdadeiro descanso na amizade e companheirismo com Deus. O sábado é
como se um súdito fosse convidado a passar um dia na presença do grande Rei.
Memorial da criação – Hans
Walter Wolff afirmou que “quando o ser humano não é capaz de entender Deus como
Criador, sua existência fica desprovida de significado”. Quando deixamos de
reverenciar o sábado, encobrimos o poder criativo de Deus e perdemos o real sentido
da vida. Ainda mais, perdemos de vista o sentido pleno da cruz. Ellen G. White
expôs: “A mão que sustém os mundos no espaço, a mão que conserva em seu
ordenado arranjo e incansável atividade todas as coisas através do Universo de
Deus, é a que na cruz foi pregada por nós” (Educação, p.
132).
O sábado é e não é um dia como
outro qualquer. Como vimos, é um dia como outro na sua extensão. Mas se o ciclo
semanal for associado ao sábado, esse se torna único. Não existe no Universo um
ciclo natural, não há um fenômeno na natureza que determine o estabelecimento
da semana. Os sete dias da semana formam um pacote de relações espirituais,
físicas e psíquicas únicas. Em seis dias trabalhamos e no sétimo dia
descansamos. Há aqui uma arbitrariedade divina: é o sétimo dia, o sábado, e não
outro dia da semana. Se Deus é soberano na definição do tempo e o tempo tem
relação com cada ser humano, o sábado é para toda a humanidade e não apenas
para alguns.
O livro de Êxodo é o que mais
trata do sábado em sua santidade, bênção e descanso. A experiência de
libertação e o significado do Êxodo estão presentes em toda a Bíblia. Muito do
conteúdo dos profetas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, são
repercussões do contexto de libertação experimentado no êxodo por Israel.
Contexto de Êxodo 5 – Moisés e
Arão se dirigiram ao Faraó rogando para que o povo fosse liberado para um
encontro com o Senhor no deserto. Havia um profundo caráter espiritual nesse
pedido feito ao “rei do Egito”. A resposta do Faraó no verso 5 contém uma
terminologia sabática evidente: “o povo da terra já é muito, e vós o distraís [shabath, “fazer repousar”] das suas tarefas”.
Êxodo 16 – o relato da concessão
do maná a Israel no deserto de Sim, duas semanas antes de o povo chegar ao
Sinai, dá evidências claras da santidade do sábado e sua aplicação anterior ao
Decálogo.
Êxodo 20:8-11 – A linguagem
empregada no 4º mandamento resume o contexto de Gênesis 2:2-3. Assim, o sábado
da criação passa a ser o sábado da lei e do concerto (da aliança).
Não é só em Deuteronômio 5 que a
ideia do concerto está relacionada ao sábado e à redenção (libertação). No
preâmbulo do Decálogo, Deus Se apresenta como Aquele que redime e liberta
(20:2). No Sinai, o sábado e o conceito da aliança divina se tornam semelhantes,
pois o primeiro é a demonstração exterior da segunda. Assim, no sábado o
Criador deve ser entendido como sendo também o Redentor (Libertador).
O 4º mandamento é o único que
possui as marcas que definem o selo (sinal) do concerto: nome, cargo e domínio.
Esse aspecto do mandamento estabelece um vínculo escatológico aludido
claramente na primeira mensagem angélica (Ap 14:7). O sábado foi, é e será o
sinal do povo de Deus tanto na antiga como na nova aliança.
O imperativo “lembra-te” expõe o
fato de que a instituição do sábado não foi estabelecida no Sinai. Por outro
lado, ela revela uma dimensão futura no sentido de que o sábado poderia ser
esquecido e que sua observância sempre será o tema central da experiência dos
que estabelecem uma aliança com Deus.
Outras referências ao sábado no
livro de Êxodo: 23:12; 31:13-17 (aliança perpétua); 34:21; 35:2-3.
O Quarto Mandamento em
Deuteronômio 5:12-15. Aqui, em vez de o mandamento aludir à criação, ele revela
outra justificativa para a guarda do sábado: a libertação de Israel do Egito.
Poderia haver alguma dificuldade
quanto à “antiguidade” e a aplicação universal do preceito sabático caso não
houvesse o claro mandamento de Êxodo 20. Temos que compreender:
A estrutura sintática do texto
de Deuteronômio é uma evidente paráfrase do 4º mandamento feita por Moisés,
como registrado anteriormente em Êxodo.
O caráter do livro de
Deuteronômio em si nos ajuda no fato de ser uma repetição das leis com ênfase
particular nas experiências do deserto.
O motivo da libertação é uma
característica não apenas do 4º mandamento, mas de toda a lei, como em Êxodo
20:2 e Deuteronômio 5:6.
Temos que destacar o aspecto
redentivo presente no 4º mandamento de Deuteronômio. O Deus que entra em
aliança com Seu povo não é apenas o Criador; Ele é também o Libertador, o
Redentor. Assim, o sábado não é apenas um memorial da criação, mas, depois do
pecado, passou a ser um memorial da redenção que há em Cristo.
A atividade criadora e redentora
de Deus, revelada em Cristo, é marcante no Novo Testamento, a ponto de a
redenção ser chamada de “nova criação” (2Co 5:17; ver Hb 1:1-3 e Cl 1:16-17). O
conceito da graça e do perdão (justificação) é dependente e envolve a ideia de
Deus como criador. Em suma, os atos redentivos implicam e pressupõem os
atos criativos. A redenção inexoravelmente aponta para a criação. Não poderia,
assim, existir um Redentor que não fosse o próprio Criador.
A salvação (graça) é concedida à
parte de qualquer coisa que o ser humano fizer. Ela é totalmente divina. Da
mesma forma, Adão e Eva descansaram no primeiro sábado não porque tivessem
feito algo, mas como resultado daquilo que Deus havia feito por e para eles.
Ambos receberam as bênçãos do sábado de mãos vazias, sem nenhum mérito.
No sábado deixamos de lado nossas
obras e somos convidados a apreciar as obras de Deus, tanto as criativas como
as redentivas.
O sábado traz sempre à mente a
íntima conexão que deve existir entre justificação e santificação.
O sábado mostra que Deus sempre
toma a iniciativa. Primeiro Ele cria, concede, liberta, provê, abençoa,
santifica. Depois nos chama para estabelecer um concerto com Ele. Foi assim com
Israel. Primeiro os israelitas foram libertos da escravidão, restaurados como
filhos e, depois, chamados à aliança do Sinai. O sábado é o sinal dessa
aliança: o Libertador e Criador nos pede a resposta obediente. Primeiro ele nos
justifica, depois nos concede as condições para sermos obedientes. Assim, no
sábado, do ponto de vista existencial, primeiro encontramos o Deus Redentor e,
depois, o Deus Criador. Define-se aqui uma via de mão dupla na qual uma verdade
se mistura à outra: se reconhecemos em Deus o Redentor, vamos aceitá-Lo como
Criador, e se O aceitarmos como Criador, O reconheceremos como Redentor. O
sábado é um sinal de criação e redenção!
Como afirmou Philo de
Alexandria, o sábado nos lembra de que, se por acaso somos “servos” dentro de
uma sociedade opressiva, devemos encontrar nesse dia o lampejo da libertação. É
lamentável que os teólogos da libertação, tão concentrados no êxodo, não
conseguiram captar que o sábado é um dia de esperança para o opresso. Sem o
sábado, é muito fácil perdermos nosso senso de humanidade!
O sábado não é apenas um dia que
evidencia nossa libertação e liberdade, mas um dia que nos leva a estender essa
liberdade aos que estão em servidão (física e espiritual). Se o sábado nos
remete à libertação, quando o celebramos a cada semana, deveríamos nos sentir
motivados a testemunhar para os que ainda estão na escravidão do pecado. O
sábado deveria nos estimular ao trabalho missionário e a ações sociais que
aliviem a dor e o sofrimento (a preocupação social do sábado é o destaque de
Isaías 58).
Foi numa sexta-feira que Deus
concluiu a Sua criação e, no sábado, descansou. Foi numa sexta-feira que Deus,
em Cristo, declarou: “está consumado”, o ato redentivo e, então, descansou.
Assim, quando celebramos o sábado devemos nos alegrar não apenas pela criação
natural, mas também pela criação espiritual que o sétimo dia provê.
O Prof. Sakae Kubo afirma que “a
santidade do ser deve alinhar-se à santidade do tempo. Santidade do tempo deve se tornar santidadeno tempo”.
O sábado em Isaías – Entre os
profetas de Israel, por três vezes Isaías se refere ao sábado de forma
positiva:
O capítulo 56:2-8 é uma bênção
aos que guardam o sábado.
No capítulo 58:13-14, bênçãos
temporais e espirituais são novamente prometidas aos verdadeiros adoradores do
sábado. Aqui o sábado é “o santo dia do Senhor” e “Meu santo dia”. Assim,
valendo-nos do princípio sola scriptura, quando
Apocalipse 1:10 fala que João foi tomado em visão no “dia do Senhor”, não
poderia ser nenhum outro a não ser o dia de sábado. Esse é o dia do Senhor (ver
Marcos 2:28). Há, contudo, em Isaías 58 outra expressão significativa quanto ao
sábado que deve ser considerada: ele deve ser “deleitoso”.
Deve haver no ser humano um
prazer espiritual ao deixar de fazer as coisas de seu próprio interesse no
sábado e honrar a Deus num espírito de satisfação e alegria. Infelizmente,
alguns “guardadores do sábado” não captaram o real sentido da adoração e gozo
que acompanha a guarda desse dia de bênçãos. Quando o sábado é para mim um
peso, estou demonstrando que ainda não compreendi o verdadeiro sentido da
adoração sabática. De acordo com Ellen White, os pais devem ter um cuidado
especial ao fazer do sábado um dia de alegria, diferente de todos os outros
dias da semana, para seus filhos (ver Testemunhos
Para a Igreja, v. 6, p. 369). O sábado é um dia para fazer o bem (Mc 3:4).
O sábado é uma promessa para o
futuro, em Isaías 66:22-23. Na Nova Terra o sábado continuará sendo um dia de
louvor e adoração.
O
sábado no Novo Testamento
Nos evangelhos, a conduta de
Jesus quanto ao sábado está em contraste com a dos fariseus e líderes judeus
(tradição rabínica). Durante o período intertestamentário, os judeus
desenvolveram uma teologia completamente fundamentada na guarda da lei. Só
seria salvo aquele que cumprisse a lei, especialmente a lei oral que passou a
ter caráter imperativo, mesmo diante das recomendações do Antigo Testamento. O
legalismo judeu transformou o dia de sábado num emaranhado de obrigações que
tornaram a alegria da adoração num verdadeiro fardo. Boa parte dos argumentos
usados pelos fariseus para atacar o comportamento de Jesus em relação à guarda
do sábado foi codificada no Mishnah, obra
composta a partir das tradições orais, no 2º século d.C. Nesse livro, existe um
capítulo especial sobre a guarda do sábado, “Shabbat”. Dezenas de “leis”
submetiam os judeus a uma quase escravidão nesse dia. Os “nãos” quase que
tornavam impossível a sobrevivência no sábado. Entretanto, esse mesmo livro
apresentava as possibilidades de “contornar” as leis mais estritas. Dois
exemplos apenas:
Era proibido andar mais que uma
milha no sábado. Mas, se o judeu se alimentasse a cada milha, poderia andar
quanto desejasse.
Era proibido carregar qualquer
coisa no sábado (39 leis eram apenas em relação ao transporte aos sábados).
Mas, se o judeu prendesse em sua roupa o que desejasse transportar, não mais
haveria transgressão.
Jesus veio recuperar o
verdadeiro sentido do sábado. Contudo, nos Seus embates contra os exageros
farisaicos, alguns encontram razões para supor que Ele tivesse abolido o sábado
(e a lei como um todo). De fato, Jesus teve uma percepção extremamente positiva
quanto ao sétimo dia.
Jesus frequentava a sinagoga no
dia de sábado “como era Seu costume” (Mc 1:21; 6:2; Lc 4:16, 31; 13:10).
Jesus fez o bem no dia de
sábado, especialmente curas. É interessante notar que as primeiras curas que
Jesus realizou no sábado não provocaram nenhuma reação negativa (exemplo:
endemoninhado em Cafarnaum – Lc 4:31-37; sogra de Pedro – Mt 8:14-15; ver
também Mt 8:16). Jesus ainda não havia desafiado a liderança espiritual
judaica. O mais significativo nas curas que Jesus efetuava era o aspecto
redentivo e não apenas a libertação física. No grego do Novo Testamento, curar
e salvar são a mesma coisa, a mesma expressão é usada (sozo).
Há incidentes de curas no sábado
que provocaram reações severas, incluindo ameaça de apedrejamento “de acordo
com a lei [oral]” se houvessem duas testemunhas. Nos evangelhos sinóticos,
Jesus Se confrontou com as “exigências” rabínicas em quatro ocasiões.
A primeira foi quando Seus
discípulos colheram e debulharam espigas para comer, pois estavam com fome (Mt
12:1-8). Aqui supostamente eles estariam cometendo dois trabalhos proibidos no
sábado: colher e debulhar. Nesse contexto, Jesus Se apresentou como Senhor do
sábado. Ele demonstrou Sua autoridade como Criador e Redentor. Nesse contexto
Jesus também definiu o sábado como existindo por causa do ser humano, e não o
contrário. Assim, a necessidade de alimentação é extremamente superior às
“fabulas” acrescentadas à guarda do sábado.
A segunda cura foi de um homem
com a mão ressequida (Mt 12:9-13). As tradições indicavam que nenhum tipo de
tratamento poderia ser oferecido aos sábados a um doente, exceto quando
houvesse risco de morte. Como não era esse o caso, por se tratar-se de uma
doença crônica, Jesus foi acusado de transgredir o sábado. Diante das
acusações, Jesus respondeu à moda rabínica: com duas outras perguntas. Não
somente a vida do ser humano é superior à vida de um animal quanto é lícito
fazer o bem no sábado.
A terceira cura foi de uma
mulher que havia dezoito anos sofria de uma enfermidade (Lc 13:10-17).
A quarta cura registrada nos
sinóticos foi de um homem hidrópico (Lc 14:1-6).
Duas curas sabáticas feitas por
Jesus aparecem apenas em João:
A cura do paralítico no tanque
de Betesda (5:2-9), que suscitou grande escândalo entre os fariseus. Jesus não
apenas curou no sábado, mas induziu o recém-curado ao “pecado grave” de
transportar a própria cama. Novamente, Jesus demonstrou Sua autoridade ao Se
igualar ao Pai.
Na cura do cego de nascença
(9:16), Jesus foi novamente acusado e, mais uma vez, evocou Sua autoridade
messiânica.
Por que Jesus curou aos sábados?
Ele não poderia ter feito esses milagres em outro dia?
Por meio desses milagres Jesus
Se posicionou contra as tradições orais dos líderes judeus, evocando o real sentido
do sábado, como dia de gozo e de fazer o bem.
Ao realizar esses milagres,
Jesus teve oportunidade para expor Sua missão messiânica e Sua autoridade como
Criador e Redentor.
Jesus aludiu à santidade do
sábado no Seu discurso escatológico de Mateus 24. A fuga dos cristãos de
Jerusalém não deveria ser no rigoroso inverno nem no sábado (v. 20).
De significância para a
compreensão do ato redentivo da cruz é o descanso de Jesus no túmulo no dia de
sábado. E há, ainda, o mesmo respeito ao dia sagrado demonstrado pelos
discípulos e pelas mulheres que repousaram “de acordo com o mandamento” (Lc
13:54-56).
Tanto no livro de Atos como nas
epístolas, há evidências claras que indicam que os seguidores de Cristo
continuaram guardando o sábado.
Era costume de Paulo frequentar
a sinagoga no dia de sábado (At 13:14, 42-44, 17:2; 1Co 18:1-18).
Tanto Atos 20:7 como 1 Coríntios
16:2 não indicam nenhuma forma de adoração ou de mudança na guarda do sábado
para o domingo.
Hebreus 3:7–4:13 trata da
perpetuidade do 4º mandamento e da experiência que o verdadeiro cristão obtém
quando compreende a teologia da graça. O repouso sabático deve ser
experimentado pela pessoa justificada pela fé. Assim, sábado e justificação
possuem uma íntima conexão.
Dimensão
escatológica do sábado
Na história da Igreja
Adventista, logo que José Bates teve contato com Frederico Wheeler, Tomas
Preble e Raquel Preston sobre a verdade bíblica da lei e do 4º mandamento, ele
percebeu a significância que o sábado desempenha no drama do grande conflito. Escreveu, então, diversos livretos sobre o sábado, mas
numa dimensão “adventista” (Seventh Day Sabbath, a Perpetual Sign; Tract Showing
that the Seventh Day Should Be Observed as the Sabbath; Vindication of the
Seventh-day Sabbath e A Seal of the Living God). Bates desenvolveu os seguintes argumentos
que foram aceitos pelos pioneiros adventistas e fazem parte de nossas crenças
fundamentais.
O dragão está irado contra os
filhos de Deus, que guardam os mandamentos (incluindo o 4º mandamento) e têm a
fé em Jesus (Ap 12:17).
A marca do povo remanescente
inclui a guarda dos mandamentos (Ap 14:12).
A essência da proclamação da
primeira mensagem angélica é a vinda do juízo no contexto da verdadeira
adoração. Em Apocalipse 14:7, é aludida a mesma linguagem presente no 4º
mandamento. A terceira mensagem angélica trata sobre os castigos daqueles que
seguem a falsa adoração preconizada pela “besta”. Assim, a verdadeira adoração
do sábado está em contraste direto com a falsa adoração do domingo.
Assim como o sábado foi um sinal
de lealdade a Deus no Antigo e no Novo Testamento, será também no fim da
história. A tríplice aliança do mal rejeita os mandamentos como sinal de
lealdade. Em contrapartida, os fiéis à nova aliança são descritos como obedientes
aos mandamentos de Deus.
Crença Fundamental nº 20: “O
bondoso Criador, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e
instituiu o sábado para todas as pessoas como memorial da criação. O quarto
mandamento da imutável lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo
dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e
prática de Jesus, o Senhor do sábado. Esse é um dia de deleitosa comunhão com
Deus e de uns com os outros. É símbolo de nossa redenção em Cristo, sinal de
nossa santificação, uma prova de lealdade e antegozo de nosso futuro eterno no
reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu
povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado duma tarde à outra tarde, do
pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de
Deus.”
OBSERVÂNCIA
DO SÁBADO (texto oficial da IASD sobre a necessidade e importância da
observância [prática] do sábado).
“A Igreja Adventista do Sétimo
Dia reconhece o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11;
31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos
em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no
sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia
(Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o em um canal de
bênçãos para a humanidade. Aceitando o convite para deixar de lado seus
“próprios interesses” durante o sábado (Is 58:13), os filhos de Deus observam esse
dia como uma importante expressão da justificação pela fé em Cristo (Hb
4:4-11).”
A observância do sábado é enunciada em Isaías 58:13, 14 nos seguintes termos: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor.” Com base nesses princípios, a Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia reafirma neste documento seu compromisso com a fidelidade à observância do sábado.
Vida
de santificação. A verdadeira observância do sábado se fundamenta em uma vida
santificada pela graça de Cristo (Ez 20:12, 20); pois, “a fim de santificar o sábado, os homens precisam ser santos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 283).
Crescimento
espiritual. Como “um elo de ouro que nos une a Deus” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 352), o sábado provê
um contato mais próximo com Ele. Como tal, não devemos permitir que outras
atividades, por mais nobres que sejam, enfraqueçam nossa comunhão com o Criador
nesse dia.
Preparação
para o sábado. Antes do pôr do sol da sexta-feira (cf. Lv 23:32; Dt 16:6; Ne
13:19), as atividades seculares devem ser interrompidas (cf. Ne 13:13-22); a
casa deve estar limpa e arrumada; as roupas, lavadas e passadas; os alimentos,
devidamente providenciados (cf. Êx 16:22-30); e os membros da família, já
prontos.
Início
e término do sábado. O sábado é um dia de especial comunhão com Deus, e deve ser
iniciado e terminado com breves e atrativos cultos de pôr do sol, com a
participação dos membros da família. Nessas ocasiões, é oportuno cantar alguns
hinos, ler uma passagem bíblica, seguida de comentários pertinentes, e
expressar gratidão a Deus em oração (Ver Testemunhos
Para a Igreja, v. 6, p. 356-359).
Pessoas
sob nossa influência. O quarto mandamento do Decálogo orienta que, no sábado, todas as
pessoas sob nossa influência devem ser dispensadas das atividades seculares (Êx
20:10). Isso implica os demais membros da família, bem como os empregados e
hóspedes a fim de que também sejam estimulados a observar o sábado.
Espírito
de comunhão. Como dia por excelência de comunhão com Deus (Ez 20:12, 20), o
sábado deve se caracterizar por um prazeroso e alegre compromisso com as
prioridades espirituais, com momentos especiais de leitura da Bíblia, oração e,
se possível, de contato com a natureza (cf. At 16:13). Esse compromisso deverá
ser mantido na escolha dos assuntos abordados também em nossos diálogos
informais com familiares e amigos.
Reuniões
da igreja. Somos admoestados a não deixar “de congregar-nos, como é costume
de alguns” (Hb 10:25). Portanto, as programações e atividades regulares da
igreja aos sábados devem ter precedência sobre outros compromissos pessoais e
sociais, mesmo que estes sejam condizentes com o sábado.
Casamentos
e festas. O convite para deixar de lado nossos “próprios interesses” no
sábado (Is 58:13) indica que casamentos e festas, incluindo seus devidos
preparativos, devem ser realizados fora desse período sagrado. Casamentos e
algumas festas mais suntuosas não devem ser planejados para os sábados à noite,
pois seus preparativos envolvem expectativas e atividades não condizentes com o
espírito de comunhão com Deus.
Mídia
secular. A mídia secular, em todas as suas formas, deve ser deixada de
lado durante as horas do sábado, para que este, rompendo com a rotina da vida,
possa ser um dia “deleitoso e santo” (Is 58:13).
Esportes
e lazer. Muitas atividades esportivas e de lazer, aceitáveis durante a
semana, não são condizentes com a observância do sábado, pois desviam a mente
das questões espirituais (Is 58:13).
Horas
de sono. A Bíblia define o sábado como dia de “repouso solene” (Êx
31:15), e não como dia de recuperar o sono atrasado da semana. Ricas bênçãos
advirão de levantar cedo no sábado, dedicando esse dia ao serviço do Senhor
(Ver Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p.
170).
Viagens. A
realização de viagens por questões de trabalho ou interesses particulares é
imprópria para o sábado. Existem, porém, ocasiões excepcionais em que se torna
necessário viajar no sábado para atender a algum compromisso religioso ou
situações emergenciais. Sempre que possível, os devidos preparativos, incluindo
a compra de passagens e o abastecimento de combustível, devem ser feitos com a
devida antecedência. (Ver Testemunhos Para
a Igreja, v. 6, p. 359 e 360.)
Excursões
e acampamentos. A realização de excursões e acampamentos pode promover a
socialização cristã (cf. Sl 42:4). Mas seus organizadores e demais
participantes devem chegar ao devido local antes do início do sábado e montar
sua estrutura, incluindo suas barracas, de modo que o santo dia possa ser
observado segundo o mandamento. Além disso, as atividades durante as horas do
sábado devem ser condizentes com o espírito sagrado desse dia.
Restaurantes
e alimentação. A recomendação de que o alimento deve ser provido com a devida
antecedência (Êx 16:4, 5; 22-30) significa que ele deve ser comprado fora das
horas do sábado, e que a frequência a restaurantes comerciais nesse dia deve
ser evitada.
Medicamentos. A
compra de medicamentos durante o sábado é aceitável em situações emergenciais
(cf. Lc 14:5), e imprópria quando a pessoa já os necessitava, e acabou
postergando sua compra para esse dia.
Estágios
e práticas escolares. O quarto mandamento do Decálogo (Êx 20:8-11) desabona a
realização de atividades seculares no sábado, que gerem lucro ou benefício
material. Envolvidos em tais atividades estão os programas de planejamento e
preparo para a vida profissional, incluindo a frequência às aulas e a
participação em estágios, simpósios, seminários e palestras de cunho
profissional, concursos públicos e exames seletivos. Em caso de confinamento
para a prestação de exames após o término do sábado, as horas desse dia devem
ser gastas em atividades espirituais.
Escolha
e exercício da profissão. A estrutura da sociedade em geral nem
sempre favorece a observância do sábado, e acaba disponibilizando profissões e
atividades que, embora sejam dignas, dificultam essa prática. Os adventistas do
sétimo dia devem escolher e exercer profissões condizentes com a devida
observância do sábado. Somos advertidos de que, se alguém, “por amor ao lucro,
consente em que o negócio em que tem interesse seja atendido no sábado pelo
sócio incrédulo, esse alguém é tão culpado quanto o incrédulo; e tem o dever de
dissolver a sociedade, por mais que perca por assim proceder” (Evangelismo, p. 245).
Instituições
de serviços básicos. A orientação de não fazer “nenhum trabalho” durante o sábado (Êx
20:10) indica que os observadores do sábado devem se abster de trabalhar nesse
dia, mesmo em instituições seculares de serviços básicos. Instituições
denominacionais que não podem fechar aos sábados (cf. Jo 5:17), incluindo os
internatos adventistas, devem ser operadas nesse dia por um grupo reduzido e em
forma de rodízio.
Atividades
médicas e de saúde. Existem situações emergenciais que os profissionais da saúde
devem atender, com base no princípio de que “é lícito curar no sábado” (Lc
14:3). Os hospitais adventistas necessitam dos préstimos de uma equipe médica,
de enfermagem e de outros serviços básicos para o funcionamento nas horas do
sábado. Mas os plantões rotineiros, tanto médicos quanto de enfermagem, em
hospitais não adventistas, são impróprios para as horas do sábado (Ver Ellen G.
White Estate, “Conselhos de Ellen G. White Sobre o Trabalho aos Sábados em
Instituições Médicas Adventistas e Não Adventistas”, em
www.centrowhite.org.br).
Projetos
assistenciais. Cristo disse que “é licito, nos sábados, fazer o bem” (Mt
12:12). Isso significa que “toda atividade secular deve ser suspensa, mas as
obras de misericórdia e beneficência estão em harmonia com o propósito do
Senhor. Elas não devem ser limitadas a tempo ou lugar. Aliviar os aflitos,
confortar os tristes, é um trabalho de amor que faz honra ao dia de Deus” (Beneficência Social, p. 77). Portanto, é
lícito nas horas sagradas do sábado visitar enfermos, viúvas e órfãos,
encarcerados e compartilhar uma refeição. Ações sociais que podem ser
realizadas em outro dia não devem tomar as sagradas horas do sábado.
Atividades
missionárias. O apóstolo Paulo usava o sábado para persuadir “tanto judeus
como gregos” acerca do evangelho (At 18:4, 11; cf. 17:2), demonstrando a
importância de se reservar um tempo especial nesse dia para atividades
missionárias. Sempre que possível, os membros da família devem participar
juntos dessas atividades, para desfrutar a socialização cristã e desenvolver o
gosto pelo cumprimento da missão evangelística.
“Como adventistas do sétimo dia,
somos convidados a seguir o exemplo de Deus ao descansar no sétimo dia da
semana da criação (Gn 2:2-3; Êx 20:8-11; 31:13-17; Hb 4:4-11), de modo que o
sábado seja, para cada um de nós, um sinal exterior da graça de Deus e um canal
de Suas incontáveis bênçãos.”
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