sábado, 9 de março de 2013

Esboço da Escola Sabatina (lista de reprodução)

Lição 11. Sábado: um presente para o Éden - Código Aberto Origens

COMENTÁRIO LIÇÃO 11 SÁBADO


Lição 11 - Sábado: feito para o homem



Michelson Borges, jornalista pela UFSC e mestre em teologia pelo Unasp
Nahor Neves de Souza Jr., geólogo pela Unesp e doutor em engenharia pela USP

Introdução

Ideia central 1: O fato de o sábado (assim como o casamento) ter sido instituído na criação (Gn 2:1-3), antes do pecado, revela que (1) ele foi dado à humanidade, pois, naquele momento, havia apenas Adão e Eva sobre a Terra, e (2) ele celebra a criação, sendo, portanto, um “patrimônio” da humanidade e não de algum povo específico. Êxodo 20:8-11, o mandamento do sábado, reafirma a literalidade da semana da criação e confirma que o sábado é o sétimo dia e não outro. Hebreus 4:3 e 4 também se refere ao descanso do sétimo dia, numa clara afirmação de que os autores do Novo Testamento consideravam literal a semana da criação.

Ideia central 2: O sábado representa também a libertação do pecado, conforme Moisés enfatiza em Deuteronômio 5:12-15. Assim, o sétimo dia afirma que pertencemos duplamente a Deus: pela criação e pela redenção. Além de criados e redimidos por Deus, somos também por Ele santificados, e o sábado é igualmente um sinal dessa santificação (Ez 20:12, 20; Êx 31:13). Se a semana da criação não fosse literal, com seis dias de 24 horas seguidos do sétimo, todo esse significado do sábado seria perdido. Para deixar claro esse aspecto libertador do sábado, Jesus Se disse Senhor dele (Mc 2:27, 28) e realizou curas nesse dia (Mt 12:9-13; Lc 13:10-17; Jo 5:1-17). Como Criador do céu e da Terra, Jesus obviamente é Senhor do sábado e, com Sua conduta, nos ajudou a entender no que consiste a verdadeira observância do sétimo dia, um dia de libertação e graça.

Ideia central 3. Um dos sinais que apontam para a proximidade da volta de Jesus é a ousadia dos escarnecedores. Segundo o apóstolo Pedro (2Pe 3:3-7), esses incrédulos e zombadores afirmam que o mundo está do mesmo jeito há milhões de anos e que o dilúvio bíblico é um mito antigo, não um fato histórico – Pedro liga, assim, a descrença no dilúvio com a descrença na volta de Jesus. Assim como um evento ocorreu, o outro também ocorrerá. Presentemente, há um povo sobre a Terra proclamando exatamente a mensagem de que existe um Deus Criador cujo Filho em breve voltará (Ap 14:6, 7). O “efeito dominó” é claro: se a crença na semana da criação é abalada, a crença no sábado como memorial da criação e da redenção também é enfraquecida. Nesse terreno pantanoso, fica mais fácil negar o Deus Criador apresentado na Bíblia.  

Para refletir

1. Como a instituição do sábado refuta a ideia de que ele teria sido criado para um povo apenas?
2. Como Êxodo 20:8-11 e Hebreus 4:3, 4 confirmam a literalidade da semana da criação?
3. O que o fato de Jesus ter realizado curas no sábado revela sobre um dos significados desse dia?
4. Como o mandamento do sábado está relacionado com as controvérsias que precedem a volta de Jesus?

Ampliação

O Deus do natural e do sobrenatural

Geralmente, aqueles que questionam a existência de Deus (dimensão supranatural) também consideram a própria Bíblia como uma coleção de mitos, cujas narrativas seriam essencialmente simbólicas (não históricas), portanto, não literais. De acordo com a mesma visão ateísta, a própria natureza, por ser passível de investigação científica, dispensaria qualquer tipo de interferência externa, tanto para sua origem como para sua sustentabilidade. Assim, a negação de Deus exclui qualquer tipo de atividade sobrenatural, bem como não admite quaisquer ações de Deus no mundo natural.

No entanto, para aqueles que consideram a Bíblia como a Palavra de Deus e também se interessam pelo estudo do livro da natureza, não haveria dificuldades para reconhecer as ações ordinárias (mundo natural) e extraordinárias (mundo sobrenatural) de um Deus poderoso e amoroso (ver comentários das lições 8 e 9). Da mesma forma, considerando a Bíblia como sua própria intérprete, por meio de um estudo minucioso e interativo, teríamos excelentes oportunidades de identificar em suas páginas os símbolos e seus correspondentes significados, bem como as narrativas verdadeiramente históricas ou literais.

As atividades de Deus na primeira semana – que revelam o incomensurável poder sobrenatural do Criador –, sem dúvida alguma, não podem ser reproduzidas empiricamente. No entanto, as leis conservativas estabelecidas na ocasião pelo mesmo Deus são passíveis de ser compreendidas cientificamente pela mente humana (estudo do mundo natural). Para nunca nos esquecermos dessa dupla e ampla atividade divina, o próprio Criador separou um dia sagrado – o sábado – como memorial da criação, dia de descanso pleno, quando então podemos apreciar calmamente a beleza e a harmonia da natureza criada e, ao mesmo tempo, desfrutar da companhia e das influências, mesmo que invisíveis (sobrenaturais), de um Deus que nos ama, nos mantêm vivos e nos restaura.

Quando nos referimos ao dilúvio de Gênesis (ver comentário da lição 10), é importante realçar que as referências a dia, mês e ano (para o início e o fim da Grande Catástrofe) se repetem em outros cinco momentos na narrativa bíblica. Essa precisão na medida do tempo não deixa margem para dúvidas quanto à literalidade dos dados cronológicos, realçando assim não apenas a historicidade de um fato real, mas também definindo, de maneira inequívoca, a duração desse evento cataclísmico: um ano e dez dias.

Da mesma forma, não há como interpretar alegoricamente ou simbolicamente a abrangência do dilúvio, restringindo-o à região da Mesopotâmia. A descrição bíblica dos efeitos da Grande Catástrofe sobre o mundo pré-diluviano (Gn 7:21-23) reflete claramente seu caráter mundial que, por sua vez, se harmoniza plenamente com a abrangência igualmente global do registro fóssil (vítimas “imortalizadas” do dilúvio).   

Com efeito, quando se estuda a Bíblia contextual e reverentemente, de Gênesis a Apocalipse, é possível identificar quando Deus agesobrenaturalmente (os atos criativos na semana da criação, os milagres, etc.) e quando Ele se comunica por meios naturais – leis criadas por Ele e que regem o comportamento da criação (a matéria e a própria vida), passíveis de serem compreendidas racionalmente ou mesmo cientificamente. No entanto, é importante frisar que a compreensão científica dos processos e fenômenos naturais não é condição sine qua non para a compreensão ou aceitação da natureza sobrenatural da Divindade. Ou seja, não necessitamos do conhecimento científico do mundo natural para assegurarmos a existência de Deus.

Também não é difícil compreender a necessidade da manifestação ora do natural, ora do sobrenatural e a utilização de símbolos, quando o onipotente Deus deseja Se revelar de maneira didática e acessível à limitada e frágil mente humana. O estudo cuidadoso e comparativo da Bíblia nos revela ainda um Deus que Se interessa profundamente pelo bem-estar presente e futuro do ser humano. Consideremos, como exemplo, o trato amoroso e paciente de Deus para com o povo de Israel: Ele recomendou obediência às leis naturais (leis de saúde, higiene, etc.), manifestou-Se mediante atos sobrenaturais (abertura do Mar Vermelho, a dádiva do maná, etc.), utilizou sombras ou símbolos (os rituais do Tabernáculo) e guiou literalmente esse povo (historicidade dos quarenta anos de peregrinação do Egito a Canaã).

Certamente, a mais impressionante manifestação da versátil natureza divina pode ser claramente identificada na pessoa de Jesus, com Sua dupla dualidade sobrenatural/natural e simbólico/literal que se harmonizam com perfeição: a Divindade (o Filho de Deus, Ser sobrenatural) encontra-Se eterna e intimamente ligada à humanidade (o Filho do homem, corpo natural); todo o simbolismo dos rituais do templo encontra seu pleno cumprimento no maior evento (literal) da história da humanidade: o supremo sacrifício expiatório de Cristo na cruz do Calvário, ocorrido há aproximadamente dois mil anos.

Na verdade, as ações de Jesus em Seu próprio ministério, fossem corriqueiras ou miraculosas, revelavam extraordinária coerência e competência, conferindo assim credibilidade aos ensinamentos dEle e confiabilidade à inspiração divina da Bíblia em sua totalidade. Portanto, naquilo que é importante para nossa clara e harmoniosa compreensão de toda a Bíblia e da natureza, podemos distinguir, nos atos divinos, o natural do sobrenatural e o simbólico do literal.

Conclusões

- Leia os textos “Biorritmo e o sétimo dia” (aqui) e “O negligenciado repouso semanal” (aqui).

- Do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado (o ocaso do Sol é o referencial bíblico para a passagem dos dias – ver Lv 23:32), o sétimo dia permanece em meio ao tempo, entre duas semanas, e entre duas épocas também: o passado e tudo o que foi feito e o futuro e aquilo que ainda pode ser realizado. É “o passo atrás antes do salto adiante”; um dia especial que acrescenta qualidade à vida humana.

- Ao separarmos o sétimo dia da semana para fins religiosos (culto a Deus, auxílio aos necessitados, contato com a natureza), estamos reconhecendo o Senhor como o todo-poderoso Criador do Universo. E o sábado é mais do que um simples repouso físico, é antes de tudo uma pausa para um contato mais íntimo com Deus, de tal maneira que as outras atividades ficam para depois.

- Explicações astronômicas podem ser dadas para os anos, meses e dias, mas não para o ciclo semanal. Ao considerar os povos do passado, podemos observar que sempre houve uma divisão de tempo chamada “semana”, consistindo de sete dias, sendo o sétimo, o sábado, com um nome formado a partir de uma raiz comum – nas línguas semíticas sbt ou spt – que em vários idiomas significa “descanso”. Algo, no mínimo, curioso.

- O sétimo dia da semana aparece pela primeira vez em Gênesis 2:1-3, como um presente a toda humanidade, assim como o matrimônio (Gn 1:28). O texto bíblico nos diz que, no sétimo dia, Deus (1) “descansou” de toda a Sua obra (v. 2), (2) abençoou esse dia (v. 3), (3) e o santificou (v. 3).

- O verbo hebraico utilizado em Gênesis 2:2 para descansar é shabat, que tem sua origem em outro verbo, yashab, cujo significado é “sentar”. Qual a implicação disso? Após uma longa e exaustiva caminhada durante a semana, o sábado é o dia em que nos sentamos para descansar fisicamente. Antes de continuar a caminhada, Deus proporciona um break para Seus filhos.

- O verbo usado em Êxodo 20:11 é nuah. Não se trata de descanso apenas no sentido físico. Nuah tem a ideia de tranquilidade, repouso e relaxamento. Para aqueles que vivem uma vida agitada, dividida entre trabalhos e estudos, o sábado se apresenta como um oásis no meio do deserto. Não é apenas descanso físico; é também descanso mental.

Somos informados pelo Novo Testamento de que Jesus, o personagem principal da fé cristã, observava o sábado (Lc 4:16); e que Paulo, o grande missionário do cristianismo primitivo, também observava esse dia (At 13:14, 27, 42, 44).

- O sábado é um símbolo preciso do que é a salvação. Em lugar de santificar um local, Deus santificou o tempo, e o tempo sempre vem ao nosso encontro, semanalmente. Da mesma forma, temos a garantia de que nosso Deus é aquele que sai ao nosso encontro quando insistimos em viver longe de Sua presença.

- Leia Isaías 58:13, 14. Que princípios básicos podemos extrair desse texto para desfrutarmos sábados agradáveis?

MEDITAÇÃO DIÁRIA MARÇO 2013


MEDITAÇÃO DIÁRIA MARÇO 2013




Sexta, 1º de março


Sacrifício Pela Causa de Deus


Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás
um tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me. Mateus 19:21

Disse Jesus [para o jovem rico]: “Dá aos pobres.” [...] Nessa referência direta, Cristo identificou o ídolo do jovem. O amor pelas riquezas reinava supremo; portanto, era-lhe impossível amar a ­Deus “de todo o coração, de todo o entendimento, e de toda a alma” (Mc 12:33). E esse amor supremo às riquezas o cegara para as necessidades do próximo. Ele não amava o próximo como a si mesmo, por isso, fracassara em observar os seis últimos mandamentos. [...]

Vi que se as pessoas amam mais as riquezas do que ao próximo, mais do que a ­Deus e às verdades de Sua Palavra, e se seu coração está nas riquezas, não podem ter a vida eterna. Elas prefeririam antes abrir mão da verdade a vender os bens e dar aos pobres. Nisso são elas testadas para se apurar o quanto amam a Deus, o quanto amam a verdade; e, como o jovem rico da Bíblia, muitos se retiram tristes porque não podem ter riquezas e também um tesouro no Céu. [...] O amor de ­Jesus e o amor das riquezas não podem habitar no mesmo coração. [...]

Ele poderia perfeitamente enviar meios do Céu para promover Seu trabalho, mas isso está fora de Suas cogitações. Ele ordenou que os homens sejam Seus instrumentos; que, como um grande sacrifício foi feito para redimi-los, eles façam sua parte na obra de salvação, sacrificando-se uns pelos outros e mostrando o quanto prezam o sacrifício feito em favor deles. [...]

Alguns dão daquilo que lhes sobra e não lhes faz falta. Não se privam de alguma coisa em favor da causa de Cristo. Têm tudo o que o coração pode desejar. Dão liberalmente e com boa disposição. ­Deus observa ­cuidadosamente suas atitudes e motivos e os analisa. Eles não perderão sua recompensa. Vocês que não têm condições de dar tão liberalmente, não precisam se des­culpar por não poder fazer como os outros. Façam aquilo que lhes estiver ao alcance. Privem-se de alguma coisa que possam dispensar e se sacrifiquem pela causa de Deus. Como a viúva, ponham no cofre as duas moedinhas. Vocês estarão certamente dando mais do que todos os que ofertam de sua abundância, e saberão o quão gratificante é negar a si mesmo e dar aos necessitados, sacrificar-se pela verdade e ajuntar tesouros no Céu (Review and Herald, 26 de novembro de 1857).


Sábado, 2 de março


Ajudando Outros


Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus
celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares. Provérbios 3:9, 10

Deus é plenamente capaz de cumprir Suas promessas. Todo bem terreno provém da mão dEle. Os recursos do Senhor são infinitos e Ele os emprega todos na realização de Seus propósitos. Os administradores fiéis, que usam sabiamente os bens que Deus lhes confiou para a proclamação da verdade e para abençoar a humanidade sofredora, serão recompensados por proceder assim. Deus fará transbordar suas mãos enquanto repartem com outros. Ele promove o avanço de Sua causa na Terra por meio dos mordomos a quem Ele confiou o capital que Lhe pertence. Alguns há que, embora desejassem grandemente obter riquezas, cairiam na ruína se as possuíssem. Deus pôs à prova alguns indivíduos emprestando-lhes talentos em forma de bens. Estava em seu poder fazer mau uso desse dom ou usá-lo para a glória dEle. [...] Foram experimentados, provados e achados em falta no uso do que era de outro como se fosse seu. Deus não confia a tal pessoa as riquezas eternas.

Aqueles que fazem uma judiciosa e desinteressada distribuição dos bens do Senhor, identificando desse modo seus interesses com os interesses da humanidade sofredora, avançarão, pois fazem a parte que Deus lhes designou que fizessem em seu sistema de beneficência. [...]

Tudo quanto existe de bom sobre a Terra foi concedido ao homem como uma expressão do amor de Deus. Ele faz do homem Seu administrador e dá a ele os talentos da influência e os meios para usá-los para a consumação de Sua obra na Terra. Nosso Pai celestial Se propõe a unir o homem finito a Si mesmo. Como obreiros, devemos ser instrumentos dEle na salvação de outros. [...]

Aqueles que andam na luz da verdade emitirão luz aos que estão ao seu redor. São testemunhas vivas de Cristo. Não se assemelharão aos que seguem o mundo, vivem em trevas morais, sendo amantes de si mesmos e das coisas do mundo, e buscam tesouros terrenos. [...]

Deus fez do homem guardador do seu irmão e o considerará responsável por esse sagrado depósito. Ele Se uniu ao ser humano e foi plano Seu que o homem trabalhasse em harmonia com Ele. Proveu o sistema da beneficência para que o ser humano, a quem Ele fez à Sua imagem, seja de caráter abnegado, como Ele, cuja natureza infinita é o amor (Review and Herald, 31 de outubro de 1878).


Domingo, 3 de março


A Sedução das Riquezas


O amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos
se atormentaram com muitas dores. 1 Timóteo 6:10

Alguns dos que professam crer na verdade têm pouco discernimento e não conseguem valorizar a dignidade moral. Pessoas que se gabam de sua fidelidade à causa e falam como se soubessem de tudo não são humildes de coração. Elas valorizam o fato de ter dinheiro e propriedades, esquecendo-­se de que isso não confere favorecimento algum para com ­Deus. O dinheiro tem poder e exerce grande influência. Excelência de caráter e valor moral são frequentemente passados por alto, se possuídos por um homem pobre. Que interesse tem ­Deus no dinheiro e na propriedade? O gado sobre milhares de montanhas é dEle (Sl 50:10). Também é dEle o mundo e tudo que nele há. [...]

Deus confiou a Seus administradores os meios para serem usados em fazer o bem, assegurando-lhes assim um tesouro no Céu. Mas, se como o homem que tinha um só talento, eles o esconderem, temendo que ­Deus queira receber aquilo que o talento pode render, não apenas perderão o lucro com que finalmente seria beneficiado o fiel administrador, como também o capital que ­Deus lhes deu para negociar. [...]

Em sua carta a Timóteo, Paulo queria impressionar a mente dele com a necessidade de passar tais instruções aos ricos, para livrá-los do engano que tão facilmente os acomete e preveni-los quanto a pensar que são melhores que os pobres; que, por causa da capacidade de a­cumular fortuna, eles se considerem superiores em sabedoria e discernimento. [...]

Embora os ricos possam dedicar toda a vida ao propósito de juntar riquezas, no entanto, eles nada trouxeram ao mundo e nada levarão dele. [...] Sacrificam os nobres e elevados princípios, trocando sua fé pelas riquezas. Se não se desapontarem com seus objetivos, ficarão frustrados com a felicidade que supunham que as riquezas trariam. [...]

O apóstolo Paulo mostra o único e legítimo uso das riquezas e disse a Timóteo para exortar os ricos a “que façam” o “bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro [referindo-se ao fim do tempo], para que possam alcançar a vida eterna” (1Tm 6:18, 19). [...] “Mas é grande ganho a piedade com contentamento” (1Tm 6:6). Eis aqui o verdadeiro segredo da felicidade e a prosperidade real da mente e do corpo (Review and Herald, 4 de março de 1880).


Segunda, 4 de março

 

O Dono do Universo


O mundo é Meu e quanto nele se contém. Salmo 50:12

O fim de todas as coisas está às portas, e o que tiver que ser feito pela salvação de pessoas deve ser feito rapidamente. É por essa razão que estamos fundando instituições para a disseminação da verdade por meio da página impressa, para a educação dos jovens e recuperação dos doentes. No entanto, o egoísta e amante do dinheiro pergunta: “Qual é a utilidade de tudo isso, quando o tempo é tão curto? Não é uma contradição, no que diz respeito à nossa fé, gastar tanto em casas publicadoras, escolas e instituições de saúde?” Perguntamos em resposta: Se o tempo deve durar uns poucos anos mais, por que investir tanto em casas e terras, ou em desnecessárias e extravagantes ostentações, enquanto uma tão escassa quantia é dedicada à obra de preparação para o grande acontecimento que está diante de nós? [...]

É necessário que as casas publicadoras sejam mantidas e a mensagem da verdade seja proclamada a todas as nações da Terra.
As escolas foram estabelecidas para que nossos jovens e crianças possam receber educação e disciplina necessárias. [...] Nessas escolas, a Bíblia deve ser o principal objeto de estudo. Deve-se dar atenção tanto ao desenvolvimento das forças morais quanto intelectuais. Esperamos que nessas escolas possam ser preparados muitos obreiros fiéis que levarão a luz da verdade àqueles que jazem nas trevas.
Nas instituições de saúde, oferecemos um lugar em que o doente pode desfrutar dos benefícios dos agentes medicinais dos remédios da natureza, em lugar de viver dependente das drogas mortais. E muitos que encontrarem alívio dessa forma estarão de coração aberto para se render à influência da verdade. [...]

A riqueza é uma grande bênção quando utilizada de acordo com a vontade de Deus. Entretanto, o coração orgulhoso pode tornar a posse de riquezas uma pesada maldição. [...] Os que obtêm a maior alegria nesta vida são aqueles que fazem uso da generosidade divina, e dela não fazem mau uso. [...]

Deus é o legítimo dono do Universo. Todas as coisas pertencem a Ele. Cada bênção que o ser humano desfruta é o resultado da divina beneficência. [...] Ele justamente ordena que Lhe consagremos o primeiro e o melhor do capital que a Ele pertence e que a nós foi confiado. Se, portanto, reconhecermos Sua devida posição de soberania e bondosa providência, Ele empenhará Sua palavra de que certamente abençoará o restante (Review and Herald, 16 de maio de 1882).


Terça, 5 de março


Liberalidade na Obra de Deus


Nenhum homem ou mulher faça mais obra alguma para a oferta do santuário.
Assim, o povo foi proibido de trazer mais. Êxodo 36:6

Sob o sistema judaico, o povo era ensinado a cultivar o espírito de liberalidade, tanto em sustentar a causa de Deus como em socorrer os necessitados. Na colheita e na vindima, os primeiros frutos do campo – o grão, o vinho e o azeite – deviam ser consagrados em oferta ao Senhor. Os restos e os cantos dos campos eram reservados para os pobres. Os primeiros frutos da lã, ao serem tosquiadas as ovelhas, e dos cereais, quando o trigo era debulhado, deviam ser oferecidos ao Senhor; e fora ordenado que os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros fossem convidados para seus banquetes. Ao fim de cada ano, exigia-se de todos que fizessem solene juramento quanto a haverem ou não agido segundo o mandamento de Deus.

Essa medida foi tomada pelo Senhor a fim de gravar no povo a ideia de que em tudo Ele devia ser o primeiro. Mediante esse sistema de beneficência, deviam ter em mente que seu benévolo Senhor era o verdadeiro proprietário dos campos, rebanhos e gados que tinham em seu poder; que o Deus do Céu lhes enviava o sol e a chuva para a sementeira e a sega, e que tudo quanto possuíam era criação dEle. Tudo era do Senhor, e Ele os fizera administradores de Seus bens.

A liberalidade dos judeus na construção do tabernáculo e na construção do templo mostra um espírito de beneficência não igualado pelos cristãos de qualquer época posterior. Eles haviam acabado de ser libertados de sua longa servidão no Egito, e andavam errantes no deserto; no entanto, mal foram livrados dos exércitos egípcios que os perseguiam em sua precipitada viagem, veio a Moisés a palavra do Senhor, dizendo: “Fala aos filhos de Israel que Me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a Minha oferta alçada” (Êx 25:2).

Todos deram com espírito voluntário, não uma limitada porção de suas posses, mas uma grande quantidade do que tinham. Devotaram-no voluntária e alegremente ao Senhor, e foram-Lhe agradáveis assim fazendo. Não Lhe pertencia tudo? Não lhes havia Ele dado tudo quanto tinham? Se Ele o pedia, não era seu dever devolver-Lhe o que era dEle? Não foi preciso insistência. O povo levou ainda mais do que foi solicitado, sendo-lhes dito que parassem, pois já havia mais do que podiam empregar (Review and Herald, 17 de outubro de 1882).


Quarta, 6 de março

 

A Alegria de Apoiar a Obra de Deus


Senhor, nosso Deus, toda esta abundância que preparamos para Te edificar uma casa ao
Teu santo nome vem da Tua mão e é toda Tua. 1 Crônicas 29:16

Ao construírem o templo, o pedido de recursos encontrou corações voluntários em corresponder. Não deram com relutância. Regozijavam-se na perspectiva da construção de um edifício para adoração a Deus, e deram mais do que o necessário para esse desígnio. Davi bendisse o Senhor diante de toda a congregação, e disse humildemente que eles estavam apenas devolvendo o que era dEle.
Davi compreendia bem de onde lhe vinha toda a abundância. Quem dera que o povo de hoje, que se regozija no amor do Salvador, compreendesse que a prata e o ouro que possui são do Senhor e devem ser usados de modo a glorificá-Lo, e não os retendo de má vontade, para enriquecer e satisfazer a si mesmo! [...] Tudo quanto possuem é dEle.

Há elevados e santos objetivos que exigem recursos; e o dinheiro assim empregado proporcionará ao doador mais elevada e permanente alegria do que se fosse usado em satisfação pessoal ou acumulado de forma egoísta por ganância de lucro. [...]

Muitas pessoas retêm de forma egoísta os recursos de que dispõem e acalmam a consciência com a ideia de fazerem alguma coisa pela causa do Senhor depois de sua morte. Fazem testamento doando grande importância à igreja e aos vários ramos de atividade dela, e depois sossegam com o pensamento de que fizeram tudo quanto deles é exigido. Onde negaram o próprio eu por esse ato? Ao contrário, manifestaram a verdadeira essência do egoísmo. Quando não mais podem usar o dinheiro, propõem-se a dá-lo a Deus. Vão retê-lo, porém, enquanto puderem. [...]

Deus nos fez a todos Seus administradores, e em caso algum nos autorizou a negligenciar o dever, ou deixar a outros seu cumprimento. O pedido de recursos para levar avante a causa da verdade jamais será mais urgente do que agora. Nosso dinheiro nunca fará maior soma de bem do que no tempo atual. [...] Se delegamos a outros fazer aquilo que Deus pretendia que fizéssemos, prejudicamos a nós e Àquele que nos deu tudo quanto possuímos. [...] Deus gostaria que todo ser humano fosse, durante sua existência, o executor do próprio testamento a esse respeito (Review and Herald, 17 de outubro de 1882).


Quinta, 7 de março


O que Deus Aprecia


A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; 
ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda. Provérbios 11:24

A experiência mostra que, entre os de recursos limitados, com maior frequência se encontra o espírito de beneficência do que entre os ricos. As mais liberais doações para a causa de Deus ou para socorro aos necessitados provêm da bolsa do pobre, enquanto muitos a quem o Senhor confiou em abundância para esse mesmo propósito não veem necessidade de meios para o avanço da verdade e não ouvem o clamor dos pobres que estão entre eles. [...]

Fruto da abnegação, a dádiva do homem pobre para difundir a preciosa luz da verdade é como um perfumado incenso diante de Deus. Todo ato de sacrifício próprio para o bem dos outros fortalecerá o espírito de beneficência no coração do doador, ligando-o cada vez mais ao Redentor do mundo, que é rico, mas, por amor de nós, Se fez pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêssemos.
A menor quantia, dada alegremente como resultado da abnegação, tem mais valor à vista de Deus do que as ofertas dos que podem dar milhares sem, contudo, sentirem falta. A viúva pobre que entregou duas moedinhas ao tesouro do Senhor demonstrou amor, fé e bondade. Ela deu tudo o que possuía, confiando em Deus pelo futuro incerto. Nosso Salvador declarou que sua pequena dádiva havia sido a maior lançada na caixa naquele dia. Seu valor foi medido, não pela importância em dinheiro, mas pela pureza de motivos que a impeliu.

A bênção de Deus sobre a oferta sincera a tem tornado uma fonte de excelentes resultados. A oferta da viúva tem sido como um pequeno regato fluindo através do tempo, que se alarga e aprofunda em seu curso, contribuindo em mil direções para a expansão da verdade e o alívio dos necessitados. A influência daquela pequena dádiva tem agido e reagido em milhares de corações em todas as épocas e em todos os países. Como resultado, inúmeras ofertas têm fluído para o tesouro do Senhor, da parte de pobres liberais e abnegados. Além disso, o exemplo dela tem estimulado para a realização de boas obras milhares de amantes da comodidade, egoístas e indecisos, e suas ofertas também têm aumentado o valor da oferta da viúva.

A liberalidade é um dever que de modo algum pode ser negligenciado. [...]

É com o objetivo de cultivar em nós um espírito de bondade que o Senhor pede nossos donativos e ofertas (Review and Herald, 9 de fevereiro de 1886).


Sexta, 8 de março


Não Confie nos Sentimentos


Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; [...] em toda a sabedoria. Colossenses 3:16

A Palavra de Deus é o fundamento da nossa fé e, portanto, é pela Sua Palavra que podemos obter as evidências de nossa posição diante de Deus. Não devemos fazer de nossos sentimentos uma prova pela qual discernir se permanecemos ou não no favor de Deus, se são sentimentos encorajadores ou não. Tão logo começa a olhar para os próprios sentimentos, a pessoa entra em um terreno perigoso. Se estiver contente, sente-se confiante de que está em condição favorável, mas quando ocorre uma mudança – como certamente ocorrerá, pois as circunstâncias vão se arranjar para que os sentimentos de depressão entristeçam o coração –, aí a pessoa será naturalmente levada a duvidar de que Deus a aceitou. [...]

Dificuldades e sugestões serão apresentadas por Satanás à mente humana para que ele possa enfraquecer a fé e destruir o ânimo. Ele tem múltiplas tentações que aos montões invadem a mente, uma após outra; mas, estudar de perto suas emoções e ceder aos sentimentos é entreter o mau hóspede da dúvida, e assim procedendo, emaranhar-se nas perplexidades do desespero. [...]

Não exalte seus sentimentos, falando neles e os adorando, quer sejam bons quer sejam maus, tristes ou animadores. [...] A Palavra de Deus deve ser sua segurança. […] Há uma batalha na qual cada um de nós deve se empenhar, que tem como alvo a coroa da vida. Palmo a palmo o vencedor deve combater o bom combate da fé utilizando as armas da Palavra de Deus. Ele sempre deve enfrentar o inimigo com um “Está escrito”. [...]

Quando o inimigo começar a afastar a mente de Jesus, ocultando Sua misericórdia, Seu amor, Sua plena suficiência, não empregue o precioso tempo refletindo em seus sentimentos, mas fuja para a Palavra. Cristo é apresentado nas Escrituras como Aquele por meio de quem Deus criou o mundo. Ele é a luz do mundo e, à medida que aquele que busca a luz estuda a Palavra, receberá a iluminação celestial. [...]

O que esperamos realizar quando pensamos no desejo de ter o mundo inteiro convertido para Jesus, crendo em Seu amor perdoador, quando nós mesmos não acreditamos em Seu amor nem descansamos em Sua graça? Que possibilidade teríamos de guiar outros à completa segurança, à simples fé infantil em nosso Pai celestial, quando estamos medindo e julgando nosso amor a Ele por nossos próprios sentimentos? (Signs of the Times, 3 de dezembro de 1894).


Sábado, 9 de março


O Verbo Se Fez Carne


Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste. [...] Eis aqui estou [...]
para fazer, ó Deus, a Tua vontade. Hebreus 10:5-7

Caso o anjo Gabriel fosse enviado a este mundo para tomar sobre si a natureza humana e para ensinar o conhecimento de Deus, quão ansiosamente os homens ouviriam sua instrução! Supondo que ele fosse capaz de nos dar um exemplo perfeito de pureza e santidade, compadecendo-se de nós em todas as nossas tristezas, perdas e aflições, e sofrendo a penalidade de nossos pecados, como o seguiríamos ansiosamente! [...]

Se, ao retornar ao seu lar, esse ser celestial deixasse atrás de si um livro contendo a história de sua missão, com revelações acerca da história do mundo, quão ansiosamente seria rompido seu selo! Quão ansiosamente homens e mulheres procurariam obter um exemplar! [...] Mas Alguém que supera tudo o que a imaginação possa apresentar veio do Céu a este mundo. [...] De Si mesmo Cristo declara: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8:58). “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30). [...]

Ao contemplar Cristo em Seu poder, Paulo irrompeu em exclamações de admiração e espanto: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que Se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3:16). [...] “E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele” (Cl1:17).

A Bíblia é a voz de Deus nos falando, tão certo quanto se a pudéssemos ouvir literalmente. Se compreendêssemos isso, [...] com quanta sinceridade pesquisaríamos seus preceitos! A leitura e a contemplação das Escrituras deveriam ser entendidas como uma audiência com o Infinito. [...]

As palavras de Cristo são o pão da vida. Quando os discípulos comeram as palavras de Cristo, o entendimento lhes foi avivado. [...] Em sua compreensão desses ensinos, eles saíram da obscuridade do amanhecer para o brilho do meio-dia.

Acontecerá a mesma coisa conosco ao estudarmos a Palavra de Deus. Nossa mente será vivificada; nossa compreensão, ampliada. Os que receberem e assimilarem essa Palavra, tornando-a parte de cada ação, de cada atributo de caráter, se tornarão fortes na força de Deus. Ela confere vigor a todo o ser, aprimorando a experiência e trazendo alegrias que durarão eternamente (Signs of the Times, 15 de maio de 1884).


Domingo, 10 de março


O que Estamos Lendo?


Aplica-te à leitura. 1 Timóteo 4:13

O inimigo [Satanás] sabe que, em alto grau, a mente é afetada por aquilo de que se alimenta. Ele está tentando dirigir tanto os jovens como os de idade madura à leitura de romances, contos e outros gêneros. Cedendo à tentação que sempre os assalta, logo perdem o gosto pela leitura sadia. Não têm mais interesse no estudo da Bíblia. Ficam com a força moral debilitada. O pecado lhes parece cada vez menos repulsivo. Demonstram crescente infidelidade, desprazer cada vez maior pelos deveres práticos da vida. A mente pervertida fica preparada para assimilar qualquer leitura de caráter estimulante. [...]

Mesmo as obras que não desviam nem corrompem tão claramente devem ser evitadas, se comunicarem desprazer pelo estudo da Bíblia. Essa Palavra é o maná verdadeiro. Que todos reprimam o desejo de leituras que não são alimento para a mente. Não é possível realizar a obra de Deus com a percepção clara, enquanto a mente se acha ocupada com esse tipo de leitura. [...]

Examine a própria experiência quanto à influência das histórias frívolas. Pode você, depois desse tipo de leitura, abrir a Bíblia e ler com interesse a Palavra da vida? Não acha desinteressante o Livro de Deus? [...]

Para possuir saudável vigor mental, bem como princípios religiosos sólidos, os jovens devem viver em comunhão com Deus por intermédio de Sua Palavra. Indicando o caminho da salvação mediante Cristo, é a Bíblia nosso guia para uma vida mais elevada e melhor. Contém as mais interessantes e instrutivas histórias e biografias que já foram escritas. Aqueles cuja imaginação não foi pervertida pela leitura de ficção irão achar a Bíblia o mais interessante dos livros.

Rejeite resolutamente toda leitura inútil. Ela não fortalecerá sua espiritualidade, mas introduzirá na mente sentimentos que perverterão a imaginação, fazendo com que você pense menos em Jesus, demorando-se menos em Suas preciosas lições. [...]

A Bíblia é o Livro dos livros. Se você ama a Palavra de Deus, esquadrinhando-a quando tem oportunidade, para possuir seus ricos tesouros e estar perfeitamente aparelhado para toda boa obra, então pode ter certeza de que Jesus o está atraindo para Si (Signs of the Times, 13 de junho de 1906).


Segunda, 11 de março


Verdadeira Santidade


Pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:20

Jesus veio ao mundo porque a raça humana estava sob sentença de morte por causa de suas transgressões. Sua obra consistiu em levar as pessoas novamente a manter sua fidelidade para com a lei de Deus, a qual Paulo declara ser “santa, e justa, e boa”. Ele guardava os mandamentos de Seu Pai. Aqueles que, pelo arrependimento e obediência dão testemunho de seu reconhecimento pela salvação que Ele veio trazer, revelarão a obra do Espírito no coração. E a prova é a vida que levam. “Pelos seus frutos os conhecereis.” “Aquele que diz: Eu o conheço”, disse João, “e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1Jo 2:4). Entretanto, mesmo diante desses testemunhos inspirados quanto à natureza do pecado, há os que afirmam estar santificados e incapazes de pecar, embora estejam constantemente transgredindo a lei de Deus. [...]

Ninguém que pretenda ser santo é realmente santo. Aqueles que estão registrados como santos nos livros do Céu não se apercebem desse fato e são os últimos a proclamar a própria bondade. Nenhum dos profetas e apóstolos jamais professou santidade, nem mesmo Daniel, Paulo ou João. O justo nunca faz tal afirmação. Quanto mais se assemelham a Cristo, mais lamentam sua dessemelhança com Ele, pois sua consciência é sensível e levam em conta o pecado mais do que o faz o próprio Deus. [...]

A única posição segura para qualquer um de nós assumir é considerar a si mesmo um pecador que diariamente necessita da graça divida. A misericórdia concedida através do sangue expiatório de Cristo deve ser nossa única reivindicação. [...] Aqueles que têm a verdade conforme está revelada na santa Palavra de Deus devem permanecer firmes sobre a plataforma da verdade, apoiando-se sempre no “Está escrito”. [...]

Deus tem grandes bênçãos para conceder a Seu povo. Eles podem ter “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Fp 4:7). [...] No entanto, somente àqueles que são mansos e humildes de coração é que Cristo assim Se manifestará. Esses que estão justificados por Deus são representados pelo publicano e não pelo fariseu, tão cheio de justiça própria. A humildade é de origem celestial, e ninguém que não possua tal traço de caráter poderá entrar pelos portais de pérola. Inconscientemente, a humildade brilha na igreja e no mundo, e brilhará também nas cortes celestiais (Signs of the Times, 26 de fevereiro de 1885).

 

Terça, 12 de março


Família Real


Quem crê no Filho tem a vida eterna. João 3:36

Aqueles que são verdadeiramente filhos de Deus creem nEle, não duvidam nem são murmuradores crônicos. [...] Através dos séculos, em cada nação, aqueles que creem que Jesus pode salvá-los e que os salvará individualmente do pecado, são os eleitos e escolhidos de Deus; são eles Seu peculiar tesouro. [...]

Por meio de Seu Santo Espírito, o Senhor tem aberto generosamente as ricas verdades ao nosso entendimento e devemos responder a esse oferecimento em obras de piedade e devoção, em harmonia com os privilégios e vantagens superiores que a nós têm sido concedidos. O Senhor ainda aguarda por ser misericordioso com Seu povo para lhe dar um maior conhecimento de Seu paternal caráter, de Sua bondade, misericórdia e amor. Ele espera lhes mostrar Sua glória; e, se eles prosseguirem em conhecer ao Senhor, saberão que Suas saídas são preparadas como a manhã.

O povo de Deus não deve permanecer no terreno comum, mas sobre o solo sagrado da verdade do evangelho. Eles devem acompanhar o passo de seu Líder, olhando continuamente para Jesus, o autor e consumador de sua fé, marchando para a frente e para o alto, não tendo qualquer comunicação com as obras infrutíferas das trevas. [...]

É privilégio dos filhos de Deus ser libertados do controle das concupiscências da carne e preservar seu peculiar e santo caráter que os distingue dos amantes do mundo. Em seu sentimento moral, em seus hábitos e costumes eles são separados do mundo. Quem são os filhos de Deus? São os membros da família real, e uma “nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9). [...]

Não desejarão aqueles a quem foram confiados os tesouros da verdade levar em consideração as vantagens superiores da luz e do privilégio que para nós foram adquiridos pelo sacrifício do Filho de Deus na cruz do Calvário? Seremos julgados pela luz que nos foi concedida, e não poderemos achar desculpa alguma que amenize o rumo que seguimos. O Caminho, a Verdade e a Vida foram postos diante de nós. [...]

Devemos colocar nossa vontade ao lado da vontade do Senhor e decidir firmemente que, por Sua graça, seremos libertos do pecado (Review and Herald, 1º de agosto de 1893).


Quarta, 13 de março


Escolha Hoje


Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século. Mateus 28:20

Há muitos meses tenho estado perturbada por ver alguns de nossos irmãos, os quais Deus empregou em Sua causa, perplexos diante de argumentos científicos que têm sido introduzidos para desviar as pessoas da verdadeira fé em Deus. Sábado à noite, uma semana atrás, depois de haver estudado com muita oração sobre essas coisas, tive uma visão na qual falava perante uma grande assembleia que me fez muitas perguntas com respeito à minha obra e escritos.

Fui instruída por um mensageiro celestial para não me sobrecarregar, preocupando-me com as declarações e dúvidas que Satanás lhes está introduzindo na mente. “Permaneça como a mensageira de Deus em toda parte, em qualquer lugar”, foi-me recomendado, “e dê o testemunho que lhe darei. Seja livre. Apresente os testemunhos que o Senhor Jesus tem para você apresentar em termos de reprovação e repreensão, e na obra de encorajar e elevar o coração, ‘ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século’ (Mt 28:20).”

Quando voltei da visão, estava orando com grande fervor e zelo e não pude cessar de orar. Minha alma foi fortalecida, pois as palavras foram ditas: “Seja forte, sim, seja forte. Que nenhuma das palavras sedutoras de pastores ou médicos angustie sua mente. Diga-lhes para tomarem a luz que lhes foi dada nas publicações. A verdade sempre sairá vitoriosa. Vá em frente.

“Se o Espírito Santo for rejeitado, todas as minhas palavras de nada ajudarão para remover, mesmo por um momento, as falsas representações que foram feitas, e Satanás está pronto a inventar outras coisas mais. Se a prova já concedida for rejeitada, todas as demais evidências não terão valor algum até que seja visto o poder convertedor de Deus sobre a mente. Se argumentos convincentes do Espírito Santo evidenciados no passado não forem aceitos como evidência digna de confiança, nada que possa ser apresentado adiante irá alcançá-los, porque o sedutor engano do inimigo perverteu seu discernimento.” [...]

Deus convida agora todos aqueles que escolheram servi-Lo a permanecerem firmes na plataforma da verdade. Esses que promoveram o presente estado de confusão, ocasionando tal divisão, devem parar para pensar seriamente antes de fazer qualquer coisa. “Escolhei, hoje, a quem sirvais” (Js 24:15). “Se o Senhor é Deus, segui-O; se é Baal, segui-o” (1Rs 18:21) (Review and Herald, 9 de agosto de 1906).


Quinta, 14 de março


Exemplo de Liberalidade


Aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. 2 Coríntios 9:6

A liberalidade é uma das indicações do Espírito Santo, e quando o professo povo de Deus retém do Senhor o que Lhe pertence em dízimos e ofertas, sofre perda espiritual. [...] Seria melhor não dar absolutamente nada do que dar de má vontade, pois, se dermos de nossos meios quando não temos o espírito de dar liberalmente, zombamos de Deus. Tenhamos sempre em mente que estamos lidando com Alguém de quem dependemos em cada bênção. Alguém que lê toda intenção do coração, cada propósito da mente.

O apóstolo Paulo tinha um trabalho especial para apresentar aos irmãos de Corinto. Havia fome em Jerusalém, e os discípulos “determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia”. Apresentavam a necessidade às igrejas esperando receber uma pequena importância para benefício dos santos e, com oração, apresentavam diante do Senhor a necessidade que tinham.

Os irmãos macedônios, porém, movidos pelo Espírito de Deus, fizeram primeiramente uma inteira consagração de si mesmos ao Senhor, e então deram tudo o que possuíam. Consideravam, portanto, um privilégio expressar assim sua confiança em Deus. Os irmãos macedônios eram pobres, mas não era necessário constrangê-los a dar. Eles se regozijavam por terem a oportunidade de contribuir com os meios que possuíam. Por si mesmos iam à frente e davam sua oferta, com sua simplicidade cristã, em integridade e amor pelos irmãos, negando-se 
a si mesmos o alimento e o vestuário, quando não tinham mais dinheiro algum. E quando os apóstolos quiseram restringi-los, insistiram para que aceitassem sua contribuição e a entregassem aos irmãos que estavam passando por aflições.

Tal ato de abnegação e sacrifício excedeu em muito às expectativas de Paulo. Ele estava cheio de gratidão e, por meio de uma carta, exortou Tito a estimular a igreja de Corinto a praticar as mesmas boas obras. [...]

“O que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós. Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça” (2Co 8:6, 7).

Essa disposição da parte dos macedônios foi inspirada por Deus para despertar na igreja de Corinto o espírito de liberalidade (Review and Herald, 15 de maio de 1900).


Sexta, 15 de março


Nos Passos de Cristo


Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, [...] [que] a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens. Filipenses 2:5-7

O Filho de Deus […] deixou Suas riquezas, honra e glória e revestiu Sua divindade com a humanidade, essa humanidade que pode se apoderar da divindade e tornar-se participante da natureza divina. Ele veio não para viver em palácios reais, sem preocupações ou trabalhos e ser provido de toda comodidade que a natureza humana tão naturalmente anseia. O mundo jamais contemplou o Senhor em toda a Sua riqueza. No concílio do Céu, Ele escolheu permanecer nas fileiras do pobre e do oprimido, [...] aprender o ofício de seus pais terrenos. Ele veio ao mundo para ser um reconstrutor de caráter e trouxe para o trabalho que realizava a perfeição que desejava reproduzir no caráter que estava transformando por Seu divino poder.

Também não se esquivou de participar da vida social de Seus compatriotas. A fim de que todos pudessem estar familiarizados com esse Deus manifestado em carne, Ele Se misturava com todas as classes da sociedade e era chamado de amigo dos pecadores. Cristo possuía em Si mesmo o direito absoluto sobre todas as coisas, mas entregou-Se a uma vida de pobreza para que o ser humano pudesse se tornar rico nos tesouros celestiais. Sendo o Comandante das cortes celestes, assumiu o mais humilde lugar na Terra. Rico, fez-Se pobre por amor de nós. [...]

Por algum tempo ainda o Senhor permite que o homem seja Seu administrador, para que possa provar seu caráter. É nesse tempo que o ser humano decide seu destino eterno. Se agir em oposição à vontade de Deus, não poderá pertencer à família real. [...]
Damos evidência da graça de Cristo no coração quando fazemos o bem a todos, sempre que temos a oportunidade. A prova de nosso amor é dada em um espírito semelhante ao de Cristo, na boa vontade de partilhar as boas coisas que Deus nos deu, na espontaneidade em praticar a abnegação e o sacrifício a fim de ajudar a promover a causa de Deus e da humanidade sofredora. Nunca devemos passar por alto o objeto que solicita nossa liberalidade. [...]

O Senhor usará a todos que se dispuserem ser usados por Ele. Requer, porém, um serviço de coração. […] Quando entregamos o coração a Deus, nossos talentos, nossas energias, nossas posses, tudo o que temos e somos será consagrado ao Seu serviço (Review and Herald, 15 de maio de 1900).


Sábado, 16 de março


O Uso dos Talentos


Nós somos cooperadores de Deus. 1 Coríntios 3:9

Nossa dívida para com Deus e nossa total dependência dEle devem nos levar a reconhecê-Lo como o Doador de todas as bênçãos. Devemos reconhecer isso por meio de nossas ofertas. Da abundância que Ele nos concede, requer que uma porção Lhe seja devolvida. Ao devolver ao Senhor o que Lhe é de direito, declaramos ao mundo que nossas misericórdias dEle proveem, que tudo o que possuímos Lhe pertence. [...]

Nas cerimônias de ação de graças, após a colheita do tesouro da natureza, os judeus ofereciam sacrifícios a Deus. Para nós pode parecer estranho que ofertas de sacrifício desempenhassem uma parte tão importante no júbilo universal; e, exteriormente, era uma estranha combinação misturar sacrifícios de animais com expressões de alegria. Mas essa prática estava firmada em um fundamento verdadeiro, pois o próprio Cristo era o tema dessas cerimônias. Quando, nessas reuniões festivas, o sangue era derramado e sacrifícios eram oferecidos a Deus, o povo não apenas Lhe agradecia as misericórdias do presente, mas Lhe agradecia a promessa de um Salvador e, com isso, expressava a verdade de que sem o derramamento de sangue do Filho de Deus não haveria perdão dos pecados. [...]

O Senhor concedeu talentos aos seres humanos para que eles possam estar mais bem preparados para honrá-Lo e glorificá-Lo. A alguns Ele confiou recursos; a outros, qualificações especiais para o serviço; a outros, tato e influência. Alguns possuem cinco talentos, outros dois e outros um. Do maior ao menor, a cada um foi confiado algum dom. Esses talentos não nos pertencem. Eles pertencem a Deus. Eles nos foram concedidos para ser usados prudentemente, e um dia Deus nos pedirá conta deles.

A maior lição que devemos aprender diariamente é que somos mordomos dos dons de Deus – administradores do dinheiro, da razão, do intelecto, da influência. Como administradores dos dons do Senhor, devemos aperfeiçoá-los, por menores que pareçam ser. [...]

Por menor que pareça seu talento, empregue-o no serviço de Deus, pois dele necessita o Senhor. Se for usado com sabedoria, você poderá levar alguém a Deus. Essa pessoa, por sua vez, também dedicará suas habilidades ao serviço do Mestre e poderá ganhar outras. Assim, um talento fielmente empregado conquistará muitos outros (Review and Herald, 24 de novembro de 1896).


Domingo, 17 de março


Receber Para Dar


Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos, pelos que estavam assentados;
e igualmente também os peixes, quanto eles queriam. João 6:11

Nesse milagre, Cristo mostrou como a obra missionária deve estar ligada ao ministério da Palavra. O Mestre não proveu apenas alimento espiritual para o povo; por meio de um milagre, Ele também proveu o alimento temporal para satisfazer-lhe a fome física. Essa misericordiosa providência quanto à necessidade temporal ajudou a fixar na mente do povo as graciosas palavras de verdade que Ele proferira. [...]

Por meio desse milagre Cristo deseja nos ensinar a veracidade das palavras: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Ele é a fonte de todo poder, o doador de todas as bênçãos temporais e espirituais. Ele emprega os seres humanos como seus coobreiros, dando-lhes uma parte a desempenhar com Ele como Sua mão ajudadora. Devemos receber dEle, não a fim de 
acumular em benefício próprio, mas para comunicar a outros. Ao realizar essa obra, não esperemos receber a glória. Toda glória deve ser dada ao grande Obreiro-Mestre. Os discípulos não receberam glória por alimentar os cinco mil. Eles foram apenas os instrumentos usados pelo Senhor. [...]

Ele, o grande Obreiro-Mestre, não descansa. Está constantemente trabalhando para o cumprimento harmonioso de Seus propósitos. Confia talentos aos seres humanos para que eles possam cooperar com Ele. Devemos sempre nos lembrar de que somos apenas instrumentos nas mãos dEle. “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1:31). [...]
Aquele que realmente aceitou a Cristo não ficará satisfeito em desfrutar do favor divino sem partilhar com outros a satisfação que alegra seu coração. A devoção mais pura e santa é aquela que leva ao esforço perseverante e abnegado pela salvação dos que estão fora do aprisco. [...]

Aqueles que comunicam a outros as riquezas da graça do Céu serão enriquecidos. Os anjos ministradores estão desejosos, ansiosos por canais através dos quais eles possam comunicar os tesouros do Céu. Homens e mulheres podem atingir o mais elevado grau de desenvolvimento mental e moral apenas ao cooperar com Jesus em esforço abnegado para o bem de outros. Jamais seremos tão verdadeiramente enriquecidos quanto ao tentar enriquecer outros. Nosso tesouro não será diminuído ao ser partilhado. Quanto mais iluminarmos a outros, mais intensamente brilhará nossa luz (Review and Herald, 4 de abril de 1907).


Segunda, 18 de março


As Primeiras Coisas em Primeiro Lugar


Vós sois a luz do mundo. Mateus 5:14

As coisas eternas devem despertar nosso interesse, e devem ser consideradas, em comparação com as coisas terrenas, de infinita importância. Deus requer que seja nossa prioridade cuidar da saúde e da prosperidade espirituais. Devemos saber que desfrutamos do favor de Deus, que Ele sorri para nós, que somos Seus filhos e estamos em uma posição em que Ele pode comungar conosco e nós com Ele. Não devemos descansar até que atinjamos um estado de humildade e mansidão para que Ele possa nos abençoar e sejamos levados a uma proximidade sagrada com Deus. Sua luz brilhará sobre nós e refletiremos essa luz a todos ao nosso redor. No entanto, não podemos fazer isso a menos que nos esforcemos sinceramente para viver na luz. Deus requer isso de todos os Seus seguidores, não apenas para o próprio bem, mas também para o benefício de outros ao seu redor.

A menos que tenhamos luz em nós mesmos, não poderemos deixar nossa luz brilhar aos outros a fim de atrair a atenção deles para as coisas celestiais. Devemos estar imbuídos do Espírito de Jesus Cristo, ou não poderemos manifestar Cristo em nós, a esperança da glória. Devemos permitir que o Salvador habite em nós, ou seremos incapazes de exemplificar em nossa conduta Sua vida de devoção, Seu amor, Sua bondade, piedade, compaixão, abnegação e pureza. Esse é o nosso sincero desejo. O tema de estudo de nossa vida deve ser: Como ajustarei meu caráter ao padrão bíblico de santidade? [...]

Cristo sacrificou Sua majestade, Seu esplendor, Sua glória e honra, e por nossa causa tornou-Se pobre, para que nós, por Sua pobreza, nos tornássemos ricos. Ele condescendeu com uma vida de humilhação. Sujeitou-Se ao escárnio. Foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53:3). Suportou o insulto, a zombaria e a morte mais dolorosa e vergonhosa a fim de que pudesse exaltar e salvar da miséria sem esperança os filhos e filhas caídos de Adão. Em vista desse sacrifício inigualável e amor misterioso manifestados a nós por nosso Redentor, recusaremos oferecer a Deus nosso completo serviço, que, na melhor das hipóteses, é tão débil? Usaremos de maneira egoísta, para os negócios ou o prazer, o tempo que é necessário para nos dedicarmos ao exercício religioso, ao estudo das Escrituras, à introspecção e à oração? [...]

Não depositamos nossa esperança aqui, neste mundo. Nossas ações testificam de nossa fé, de que no Céu se encontra nossa eterna riqueza (Review and Herald, 29 de março de 1870).

Terça, 19 de março


Domínio Próprio


Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Romanos 12:1

Vivemos em uma época de intemperança. A saúde e a vida são sacrificadas por muitos, para agradar o apetite com indulgências prejudiciais. Os últimos dias em que vivemos se caracterizam pela moral decadente e o físico debilitado, em consequência dessas indulgências e da indisposição geral das pessoas de se empenharem em trabalho físico. Muitos sofrem hoje devido à inatividade e aos maus hábitos. [...]

Quando seguimos no comer e beber uma direção que diminui o vigor físico e mental, ou nos tornamos presa de hábitos que tendem aos mesmos resultados, desonramos a Deus, pois O privamos do serviço que Ele de nós reivindica. Os que adquirem o nocivo desejo de fumar e com ele condescendem, fazem-no à custa da saúde. Estão destruindo as capacidades cerebrais, diminuindo a força vital e sacrificando a resistência da mente.

Os que professam ser seguidores de Cristo e, no entanto, têm à porta esse terrível pecado, não podem ter elevado apreço pela expiação e alta estima das coisas eternas. Mentes afetadas e parcialmente paralisadas por narcóticos são facilmente vencidas pela tentação, e não podem desfrutar da comunhão com Deus.

Os fumantes pouco apelo podem fazer aos que bebem. Dois terços dos bêbados de nossa terra desenvolveram o desejo pela bebida alcoólica em virtude do fumo. Os que alegam que o fumo não lhes faz mal podem se convencer de seu engano, privando-se dele por alguns dias; os nervos trêmulos, a cabeça atordoada, a irritação que experimentam vão lhes provar que essa pecaminosa condescendência os ligou em cadeias de servidão. Venceu-lhes a força de vontade. [...]

São assim esbanjados meios que ajudariam na boa obra de vestir os nus, alimentar os famintos e enviar a verdade a pobres pessoas longe de Cristo. Que registro aparecerá quando as contas da vida forem postas em balanço nos livros de Deus! Será visto então que vastas somas de dinheiro foram gastas com o fumo e as bebidas alcoólicas! Para quê? Assegurar a saúde e prolongar a vida? Não! Para ajudar no aperfeiçoamento do caráter cristão e na adaptação para a sociedade dos anjos? Não mesmo! Mas para servir a um desejo depravado, nocivo, daquilo que envenena e mata não só o que o usa, mas aqueles a quem ele transmite seu legado de doença e insensatez (Signs of the Times, 6 de janeiro de 1876).


Quarta, 20 de março

Presentes Incontáveis


Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-Me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. João 4:10

Os dons de Deus são concedidos a todos e chegam até nós por meio dos méritos de Jesus, aquele a quem Ele deu ao mundo. O apóstolo Paulo exclamou em gratidão, dizendo: “Graças a Deus pelo Seu dom inefável!” (2Co 9:15). E, com Cristo, Deus nos tem dado todas as coisas. O botão que se abre, as flores que desabrocham em sua variedade e delicadeza, agradáveis aos sentidos, são para nós expressões de amor do Artista-Mestre. [...]

O Senhor tomou grande cuidado para que tudo nos fosse agradável e aprazível, no entanto, empenhou-Se muito mais para nos conceder o dom por meio do qual podemos aperfeiçoar o caráter cristão, segundo o padrão de Cristo.

Por meio das flores do campo, Deus atrai nossa atenção para a amabilidade do caráter semelhante ao de Cristo. [...] Deus é amante do belo. Ele deseja que consideremos as lindas flores do vale e aprendamos lições de confiança nEle. Elas devem ser nossas professoras. [...] O Senhor cuida das flores do campo e as reveste com beleza, no entanto, tornou evidente que valoriza muito mais o ser humano do que as flores das quais cuida. [...]

Suponhamos que nosso bondoso Pai Se cansasse da ingratidão do ser humano e por algumas semanas retivesse Suas inúmeras bênçãos. Suponhamos que ficasse desanimado ao ver Seus tesouros serem empregados para fins egoístas, em não ouvir reação alguma de louvor e gratidão por Suas imerecidas misericórdias e proibisse o Sol de brilhar, o orvalho de cair, o solo de produzir os frutos. Que comoção isso criaria! Que terror assolaria o mundo! Que clamor se elevaria indagando o que poderia ser feito a fim de suprir as mesas com alimento e o corpo com vestimenta! [...]

Deus não cuida apenas dos benefícios temporais para nós, mas proveu para o nosso bem-estar eterno; “porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). [...] Oh, se reconhecêssemos o dom de Deus; se reconhecêssemos o que ele representa para nós, nós o buscaríamos sinceramente com perseverança inabalável! (Signs of the Times, 19 de junho de 1893).


Quinta, 21 de março


Sinal de Amor


Porei nas nuvens o Meu arco; será por sinal da aliança entre Mim e a Terra. [...]
As águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. Gênesis 9:13, 15

Tempos atrás, tivemos o privilégio de ver o mais glorioso arco-íris que já contemplamos. Visitamos muitas vezes galerias de arte e admiramos a habilidade manifestada pelo artista ao pintar quadros representando o grande arco do concerto de Deus. [...]

Ao olharmos esse arco, selo e sinal da promessa de Deus ao ser humano de que a tempestade de Sua ira não mais desolaria nosso mundo com as águas de um dilúvio, contemplamos Aquele que outros olhos que não os finitos veem acima dessa gloriosa visão. Os anjos se regozijam ao olhar esse precioso testemunho do amor de Deus pelos seres humanos. O Redentor do mundo o contempla, pois foi mediante Seu auxílio que esse arco apareceu nos céus, como um sinal ou concerto de uma promessa ao homem. O próprio Deus observa esse arco nas nuvens e Se lembra do eterno concerto entre Ele e o ser humano.

Depois de ter passado a terrível exibição do poder vingativo de Deus na destruição do antigo mundo pelo dilúvio, Ele sabia que aqueles que foram salvos da ruína geral teriam seus temores despertados sempre que nuvens se formassem, trovões ribombassem, relâmpagos brilhassem; e o som da tempestade e o cair das águas do céu infligissem medo ao seu coração, por receio de que outro dilúvio os assolasse. [...]

A família de Noé observou com admiração e reverente espanto mesclado com alegria esse sinal que se estendia pelo céu, sinal da misericórdia da parte de Deus. O arco representa o amor de Cristo, o qual circunda a Terra e alcança o mais elevado Céu, ligando os seres humanos a Deus, e ligando a Terra ao Céu.

Ao contemplar o belo quadro, podemos nos regozijar em Deus, certos de que Ele está olhando para esse sinal de Seu concerto e que, enquanto Ele olha, lembra-Se dos filhos da Terra a quem esse arco foi dado. Suas aflições, perigos e provas não Lhe estão ocultos.
Podemos nos alegrar na esperança, pois o arco do concerto de Deus está sobre nós. Ele nunca Se esquecerá dos filhos de Seu cuidado. Quão difícil é à mente do ser humano finito compreender o amor e a ternura especiais de Deus, e Sua incomparável condescendência, quando disse: “E Eu o verei, para Me lembrar” de ti (Review and Herald, 26 de fevereiro de 1880).


Sexta, 22 de março


Revelação de Deus


Os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eterno poder, como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Romanos 1:20

As obras criadas por Deus são um relato ilustrado do ministério. O Sol desempenha sua responsabilidade em ministrar a toda a natureza animada e inanimada. Ele faz com que as árvores cresçam e concedam suas bênçãos em frutos. Ele faz com que a vegetação floresça para o benefício do ser humano.

A Lua também tem sua missão. Ela provê para a nossa felicidade luz no período da noite, e as estrelas também estão organizadas no céu a fim de ministrar para o contentamento do mundo. Ninguém é capaz de entender completamente o desígnio desses vigias silentes, mas todos possuem sua obra no ministério.

As águas profundas também têm seu lugar no grande plano de Deus. As montanhas e as rochas são temas de meditação e encerram lições para o estudante. Tudo na natureza – desde a mais humilde flor até a relva que cobre como um tapete a terra com sua cobertura verde – proclama a bondade e o amor de Deus para conosco. [...]

Seus pensamentos e Suas obras estão tão ligados um ao outro que podemos ler na natureza o grande amor de Deus pelo mundo caído. O Universo contém uma grande obra-prima de infinita sabedoria nas inúmeras diversidades das grandes obras de Deus que, em sua imaculada variedade, compõem um todo perfeito.

Por meio de pesquisas minuciosas, constatou-se que as inúmeras providências de Deus no mundo natural têm fortes elos entre si. Ao investigar esses elos da cadeia da providência divina, somos levados a nos familiarizarmos mais com o grande Centro. Essa é uma verdade digna de cuidadoso estudo. Jesus Cristo é a grande Unidade; Ele possui os atributos que harmonizam todas as diversidades. E Ele, o Dom acima de todos os outros, foi enviado ao nosso mundo a fim de dar expressão à mente e ao caráter de Deus, para que todo ser inteligente, se quiser, possa contemplar Deus na revelação de Seu Filho.

Todas essas coisas foram dadas por Deus à família humana. [...] Já olhou você para as obras criadas por Deus como preparadas pelas mãos dEle para ministrar à felicidade da família humana? [...]

Há uma recompensa preciosa aguardando aqueles que são fiéis em seu ministério. Eles terão um lar nas mansões que Cristo foi preparar para aqueles que O amam e aguardam Sua volta (Youth’s Instructor, 19 de agosto de 1897).


Sábado, 23 de março


O Maior Tesouro


Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna,
não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. João 5:24

As palavras de Cristo devem ser valorizadas, não meramente de acordo com a medida do entendimento daqueles que as ouvem; devem ser consideradas com o importante significado que o próprio Cristo lhes atribui. Tomou antigas verdades, das quais Ele mesmo fora o originador, e as colocou diante de Seus ouvintes sob a própria luz do Céu. Quão diferentes lhes pareceram! Que inundação de sentido, brilho e espiritualidade lhes produzia essa explicação! [...]

Os ricos tesouros da verdade abertos perante o povo os atraíram e encantaram. Eles apresentavam grande contraste com as exposições do Antigo Testamento feitas pelos rabis, destituídas de ânimo e vida. Os milagres que Jesus operou mantinham constantemente diante de Seus ouvintes a honra e a glória de Deus. Ele lhes parecia um mensageiro vindo diretamente do Céu, pois falava não apenas aos seus ouvidos, mas também ao coração. Ao Se apresentar em Sua humildade, no entanto com dignidade e majestade, como alguém nascido para comandar, um poder Lhe acompanhava; corações eram abrandados. Sentia-se o profundo desejo de estar em Sua presença, ouvir a voz dAquele que proferia a verdade com solene melodia. [...]

Cada milagre operado por Cristo convencia alguns de Seu verdadeiro caráter. Se algum homem nos caminhos comuns da vida tivesse realizado a mesma obra que Cristo realizou, todos teriam declarado que ele trabalhava pelo poder de Deus. Houve, porém, aqueles que rejeitaram a luz do Céu e se opuseram firmemente a essa evidência. [...]

Mas não foi a ausência de honras, riquezas e glórias exteriores que levou os judeus a rejeitar Jesus. O Sol da Justiça, brilhando em meio às trevas morais com raios tão distintos, revelou o contraste entre o pecado e a santidade, a pureza e a corrupção, e essa luz não foi bem recebida por eles. [...]

Os ensinos de Cristo, por preceito e exemplo, eram o semear da semente que seria posteriormente cultivada por Seus discípulos. O testemunho desses pescadores seria considerado da mais alta autoridade por todas as nações do mundo (Review and Herald, 12 de julho de 1898).


Domingo, 24 de março


Escada Para o Céu


Faço como o Pai Me ordenou. João 14:31

Aqueles que experimentam a bênção de Deus devem ser as pessoas mais agradecidas. Devem elevar a Deus palavras de gratidão porque Cristo veio à semelhança da carne pecaminosa, revestiu Sua divindade com a humanidade, a fim de que pudesse apresentar ao mundo a perfeição de Deus em Seu caráter. Veio representar a Deus, não como um juiz severo, mas como um pai amoroso. [...]

O Senhor Jesus é exemplo em todas as coisas. Pelas obras que realizou, deixou claro que estava em união com o Pai, e que em cada movimento cumpria os propósitos eternos de Deus. Em espírito, em obras, em toda a Sua história terrestre, revelou a mente e o propósito de Deus para com Sua herança entre os seres humanos. Em Sua obediência às leis de Deus, exemplificou em Sua natureza humana o fato de que a lei é a transcrição da perfeição divina. Na dádiva de Cristo ao mundo, Deus impressionou o ser humano caído com a maravilhosa manifestação do grande amor que tem por nós. Embora deseje que todos cheguem ao arrependimento, de modo algum justificará o culpado. Essa declaração também é uma expressão de Seu caráter. Se Ele concedesse a mínima sanção ao pecado, Seu trono seria corrompido. [...]

Todos os que aceitam Jesus Cristo como Salvador pessoal recebem proteção e luz celestiais, pois os anjos de Deus são enviados para ministrar aos herdeiros da salvação. A representação dada a Jacó de uma escada cuja base repousava na Terra e cujo topo alcançava o trono de Deus, sobre a qual subiam e desciam anjos do Céu, é uma representação do plano da salvação. Se a escada tivesse falhado em se ligar à Terra por um centímetro, a ligação entre a Terra e o Céu teria sido quebrada, e o ser humano estaria irremediavelmente perdido. A escada, porém, está firmemente cravada na Terra, para que o Céu possa se ligar à Terra e a família humana caída seja redimida e resgatada. Cristo é a escada que Jacó viu, cuja base repousa na Terra e cujo último degrau alcança o mais alto Céu. [...] Por meio de Cristo, os seres celestiais podem se comunicar com os agentes humanos (Signs of the Times, 11 de abril de 1895).


Segunda, 25 de março


Deus e o Dinheiro


Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará
a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Mateus 6:24

Satanás apresenta hoje as mesmas tentações que apresentou a Adão e a Jesus, o segundo Adão, que venceu o inimigo e possibilitou que o ser humano vencesse. [...] São os nossos esforços somados ao poder de Cristo que nos farão vencedores. [...]

O Céu inteiro observa com interesse para ver que uso estamos fazendo dos talentos que nos foram confiados por Deus. Se desejamos acumular tesouros no Céu, usaremos os bens do Senhor para o avanço de Sua causa, para a salvação de nossos semelhantes e para abençoar a humanidade. Tudo o que for assim usado, o Senhor depositará em nossa conta no banco que nunca falha. Quando amamos a Deus de todo o coração, os bens não são um impedimento para o progresso na luta cristã, pois as pessoas consagradas discernirão os melhores investimentos a serem feitos e usarão sua riqueza para abençoar os filhos de Deus.

O constante emprego das capacidades para acumular riquezas terrenas fixa o homem na Terra. Ele se torna escravo de mamom. À medida que a riqueza aumenta, o coração idólatra se esquece de Deus e se torna mais confiante em si mesmo e satisfeito. Os deveres religiosos são negligenciados. Manifesta-se impaciência diante da restrição e o ser humano se torna independente. [...] O mundo se coloca entre ele e o Céu. Seus olhos ficam cegados pelo “deus deste mundo”, de maneira que se torna incapaz de discernir ou reconhecer o valor das coisas eternas. [...]

Motivos mais fortes e instrumentos mais poderosos não poderiam existir. As grandiosas recompensas de fazer o bem, as alegrias do Céu, a companhia dos anjos, a comunhão e o amor de Deus e do Seu Filho, o enobrecimento e a extensão de todas as nossas forças através da eternidade – e o que “jamais penetrou em coração humano [é] o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Co 2:9). Não seria tudo isso um grande incentivo para que desejássemos consagrar o coração em amorável serviço ao nosso Criador e Redentor? [...]

Não deveríamos, então, ter em grande consideração a misericórdia de Deus? Busquemos, pois, nos relacionar com Aquele que nos amou com maravilhoso amor, e aproveitemos o grande privilégio de nos tornarmos instrumentos nas mãos dEle, para que possamos cooperar com os anjos ministradores e sejamos colaboradores de Deus e de Cristo (Bible Echo [Austrália], 15 de fevereiro de 1889).


Terça, 26 de março


O que Devo Fazer Para Ser Salvo?


Não fostes vós que Me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a vós outros e vos designei
para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça. João 15:16

Cristo constantemente repreendia os fariseus por seu senso de superioridade moral. [...] Eram exaltados diante do Céu com respeito à oportunidade, por possuírem as Escrituras, por conhecerem o verdadeiro Deus, mas o coração deles não estava cheio de gratidão a Deus por Sua grande bondade para com eles. Saíam cheios de orgulho espiritual, e seu tema era: “Eu mesmo, meus sentimentos, meus conhecimentos, meus caminhos.” Suas próprias realizações se tornavam a norma pela qual julgavam os outros. [...]

Que todo discípulo de Cristo indague com total humildade de pensamento: O que devo fazer para ser salvo? Se sinceramente desejarmos entender, entenderemos. Jesus não nos ama e nos abençoa por causa de nossos recursos, conhecimento, superioridade de posição, mas porque cremos nEle como nosso Salvador pessoal. Jesus nos amou enquanto ainda éramos pecadores, mas, ao nos escolher, ordena-nos a sair e dar frutos. Tem cada um algo a desempenhar? Certamente, todo aquele que se une com Cristo deve carregar Seu fardo, trabalhar em Suas fileiras. [...] A vida do amor redentor de Cristo no coração é como uma fonte de água que salta para a vida eterna. Se a fonte de água estiver no coração, ela se revelará na vida inteira, e a graça refrescante de Deus será manifestada.

Religião não significa simplesmente ter sentimentos alegres, estar ciente de possuir privilégios e luz, sentir arrebatadoras emoções, enquanto todas as energias são empregadas para manter o equilíbrio na vida cristã, enquanto nada é feito para a salvação de outros. Religião é praticar as palavras de Cristo; é permanecer como fiéis sentinelas, não a fim de ganhar a salvação, mas porque, imerecidamente, recebemos o dom celestial. Religião é executar os planos de Deus, cooperar com os seres celestiais. [...]

Se prosseguirmos no conhecimento do Senhor, nossa visão será ampliada. Ela não será limitada pelo eu. Devemos orar para que o Senhor aumente nosso entendimento, para que possamos não apenas entender que Jesus Cristo é nosso substituto e segurança, mas que pertencemos a Cristo como Sua propriedade adquirida. Paulo disse: “Fostes comprados por bom preço.” E conclui: “Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co 6:20) (Signs of the Times, 17 de dezembro de 1894).


Quarta, 27 de março


Ajuntar ou Espalhar


Quem não é por Mim é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha. Mateus 12:30

Pessoas meio convertidas são cristãs de coração dividido. São árvores infrutíferas. Jesus procura em vão por frutos em seus galhos; Ele nada encontra, senão folhas. [...]

Se Cristo e o eu pudessem ser servidos ao mesmo tempo, um grande número se uniria às fileiras dos que trilham o caminho rumo ao Céu. Não são esses, porém, que Jesus chama. A causa dEle não precisa de tais seguidores.

Os verdadeiros seguidores de Cristo usam seu conhecimento para fazer de outros recipientes de Sua graça. Com suas lâmpadas repletas do sagrado óleo, avançam a fim de levar luz aos que estão em trevas. Tais trabalhadores testemunham muitos aceitando a Cristo. Novas verdades continuamente lhes são reveladas; à medida que as recebem, comunicam aos outros.

Jamais serão frios e desanimados aqueles por quem foram despedaçados os grilhões do pecado e, de coração contrito, buscaram ao Senhor e obtiveram resposta ao seu ansioso pedido de justiça. Percebem que possuem uma parte a desempenhar na obra de salvação.
Vigiam e oram e trabalham pela salvação de seus semelhantes. Moldados e transformados pelo Espírito Santo, adquirem a profundidade, a amplitude e a estabilidade do caráter cristão. Beneficiam-se da contínua felicidade espiritual. Ao seguir os passos de Cristo, identificam-se com Ele em Seus planos abnegados. Tais cristãos não são frios nem insensíveis. Eles têm o coração cheio de abnegado amor pelos pecadores. Lançam para longe de si toda ambição profana, todo egoísmo. O contato com as coisas profundas de Deus os torna cada vez mais semelhantes ao seu Salvador. Exultam em Seus triunfos; enchem-­se de Seu regozijo. Dia a dia crescem, até a estatura completa de homens e mulheres em Cristo. [...]

Decidimos nosso destino pela maneira com que realizamos a obra que Cristo nos deu para fazer em Sua ausência. [...] Cristo, o Chefe da família, foi preparar mansões para nós na cidade celestial. Aguardemos Seu retorno. Honremos a Cristo em Sua ausência realizando com fidelidade a obra que Ele colocou em nossas mãos. Aguardando, vigiando e trabalhando, preparamo-nos para a volta de Jesus (Signs of the Times, 9 de julho de 1902).


Quinta, 28 de março

Pedindo Para Servir


O próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir. Marcos 10:45

Cristo recebia constantemente do Pai para que nos pudesse comunicar. “A palavra que ouvistes”, disse Ele, “não é Minha, mas do Pai que Me enviou” (Jo 14:24). [...] Vivia, meditava e orava não para Si mesmo, mas para os outros. Depois de passar horas com Deus, apresentava-Se manhã após manhã para comunicar a luz do Céu às pessoas. Diariamente recebia novo batismo do Espírito Santo. Nas primeiras horas do novo dia, o Senhor O despertava de Seu repouso e Seu coração e lábios eram ungidos de graça para que a pudesse transmitir a outros. As palavras Lhe eram dadas diretamente das cortes celestiais; palavras que Ele pudesse falar oportunamente aos cansados e oprimidos. [...]

As orações de Cristo e Seu hábito de comunhão com Deus impressionavam muito os discípulos. Um dia, depois de breve ausência de Seu Senhor, encontraram-nO absorto em súplicas. Parecendo inconsciente da presença deles, continuou orando em voz alta. O coração dos discípulos foi movido profundamente. Ao cessar Ele de orar, exclamaram: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11:1). Correspondendo ao pedido, Cristo proferiu a oração do Pai Nosso, tal como a dera no sermão da montanha. [...]

“Qual de vós”, disse, “tendo um amigo, e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer” (Lc 11:5, 6)? [...]

Cristo representa aqui o suplicante solicitando, para que pudesse dar. [...] Do mesmo modo, os discípulos deveriam solicitar bênçãos de Deus. No alimentar a multidão e no sermão sobre o pão do Céu, Cristo lhes revelara sua obra como representantes Seus. Deviam dar ao povo o pão da vida. [...] Pessoas famintas do pão da vida iriam ter com eles, e eles se sentiriam destituídos de recursos. Precisavam receber alimento espiritual, pois, de outro modo, nada teriam para repartir. Não deviam, porém, despedir pessoa alguma sem alimentá-la. Cristo lhes apontou a fonte de provisão. [...]

E não supriria Deus – que enviou Seus servos para alimentar os famintos – aquilo de que precisassem para Sua própria obra? (Review and Herald, 11 de agosto de 1910).


Sexta, 29 de março


Campos Missionários


Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os. Mateus 28:19

Nossas igrejas frequentemente recebem o pedido de doações e ofertas para ajudar projetos missionários no próprio campo ou sustentar o trabalho missionário em campos estrangeiros. [...] De cada igreja devem subir a Deus orações pelo aumento de devoção e liberalidade. Aqueles cujo coração está unido ao coração de Cristo se alegrarão em fazer o que puderem a fim de ajudar a causa de Deus. Eles se alegrarão na contínua expansão e avanço, o que requer ofertas maiores e mais frequentes.

É nosso privilégio colaborar com Deus ao empregarmos nossos recursos para colocar em operação aquilo que levará avante Seus propósitos neste mundo. Todos quantos possuem o espírito de Cristo terão um coração brando, compassivo, e mão aberta e generosa. Nada pode ser de fato egoísta se o principal interesse for Cristo. [...]

Consideremos as necessidades de nossos campos missionários ao redor do mundo. Nossos missionários trabalham árdua e seriamente, mas, por vezes, são grandemente impedidos de prosseguir porque os recursos se esgotam e não recebem os meios necessários para obter maior sucesso em seu trabalho. Que Deus ajude aqueles a quem foram confiados os bens deste mundo a despertar para Seu desígnio e para suas responsabilidades individuais. Deus lhes diz: Concedi-lhe a posse de Meus bens para que fossem empregados para levar avante as missões cristãs que são estabelecidas perto e longe. [...]

Nem todos podem ir aos campos estrangeiros como missionários, mas todos podem fazer o trabalho que lhes aguarda em sua própria vizinhança. Todos podem empregar seus recursos para levar avante o trabalho missionário em campos estrangeiros. [...]

Deus animará Seus administradores fiéis, dispostos a dar o melhor emprego a todas as energias e dotações dEle recebidas. Ao aprenderem todos a lição de render fielmente a Deus o que Lhe é devido, Ele, por Sua providência, habilitará alguns a apresentar ofertas riquíssimas. Habilitará outros a trazer ofertas menores, e as dádivas pequenas, como as grandes, são-Lhe aceitáveis, se forem feitas tendo em vista Sua glória. “Aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça” (2Co 9:10, 11) (Review and Herald, 18 de abril de 1912).


Sábado, 30 de março


O Privilégio de Doar


Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. 1 Pedro 4:10

D eus abençoa a terra com o brilho do sol e com a chuva. Faz com que a terra produza seus abundantes tesouros para o uso do homem. Deus fez o ser humano Seu administrador para dispensar as dádivas celestiais levando pessoas à verdade. Meus irmãos da América do Norte [escrito da Austrália, em 1895] perguntarão como os alcançou a preciosa salvadora verdade, quando estavam em trevas? Homens e mulheres levaram seus dízimos e ofertas a Deus e, ao encherem de meios o tesouro, homens foram enviados para levar avante a obra. Esse mesmo processo deve ser repetido, a fim de ser alcançadas hoje as pessoas que estão em trevas. [...]

As necessidades do trabalho agora exigem maiores recursos do que nunca. O Senhor convoca Seu povo a fazer o máximo esforço a fim de reduzir suas despesas. [...] Que o dinheiro que tem sido gasto na satisfação do eu seja depositado no tesouro do Senhor para sustentar aqueles que estão trabalhando para a salvação dos perdidos. [...]

O Senhor logo virá. Devemos trabalhar enquanto é dia, pois, quando vier a noite, será tarde demais para trabalhar para Deus. Muitas, muitas pessoas têm perdido o espírito de abnegação e sacrifício. Têm enterrado seu dinheiro nas posses temporais. Há homens a quem Deus tem abençoado e a quem está provando, para ver que resposta darão aos Seus benefícios. [...] Apressem-se, irmãos, têm agora a oportunidade de ser honestos para com Deus; não demorem. Para o seu bem espiritual, deixem de roubar a Deus nos dízimos e nas ofertas.

Como o plano da redenção começa e termina com um dom, assim deve ele ser levado adiante. O mesmo espírito de sacrifício que nos comprou a salvação habitará no coração de todos quantos se tornarem participantes do dom celestial. Disse o apóstolo Pedro: “Cada um administre aos outros

o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4:10). Disse Jesus a Seus discípulos, quando os enviou: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10:8).

Tanto por meio de seus recursos como de suas orações, que cada um faça tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a carregar o fardo em prol daqueles por quem os ministros estão trabalhando (General Conference Bulletin, 30 de maio de 1897).


Domingo, 31 de março


Contemplando a Face de Deus


Contemplarão a Sua face, e na Sua fronte está o nome dEle. Apocalipse 22:4

Quando Moisés pediu a Deus: “Rogo-Te que me mostres a Tua glória”, Deus respondeu: “Não Me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a Minha face e viverá” (Êx 33:18, 20). Moisés não podia contemplar a revelação da glória da face de Deus e viver; uma promessa, porém, foi-nos dada: “Contemplarão a Sua face.”

Quando Moisés desceu do monte em que recebera uma visão da glória de Deus, sua face ficou tão iluminada que Arão e o povo de Israel “temeram chegar-se a ele” (Êx 34:30). [...]

Não podemos agora ver a glória de Deus; e é só recebendo-O aqui que seremos habilitados a vê-Lo afinal, face a face. Deus deseja que conservemos os olhos fitos nEle, para que percamos de vista as coisas deste mundo. [...]

Hoje, por meio de nossas relações, nossa vida, nosso caráter, escolhemos quem será nosso rei. Seres celestiais procuram nos atrair a Cristo. [...] Apesar de sermos transgressores da lei de Deus, se nos arrependemos com fé, Deus pode operar as obras de Cristo através de nós. [...]

Ao ascender Cristo ao Céu, Ele enviou Seu representante para atuar como Consolador. Esse Representante está ao nosso lado onde quer que estejamos – um observador e uma testemunha de tudo que é dito e feito – pronto a nos proteger dos assaltos do inimigo, se nos colocarmos sob Sua proteção. Devemos, porém, desempenhar nossa parte, e então Deus desempenhará a dEle. Ao enfrentarmos provações e aflições em Seu nome, o Consolador Se colocará ao nosso lado, trazendo-nos à lembrança as palavras e os ensinos de Cristo.

Está o seu nome escrito no livro da vida? Só olhando para Jesus, o Cordeiro de Deus, e seguindo-Lhe os passos, você poderá se preparar para o encontro com Deus. Siga-O e um dia você caminhará nas ruas de ouro da cidade de Deus. [...]

Os que consagram a vida ao serviço de Deus viverão com Ele através dos intermináveis séculos da eternidade. [...]

Toma-os como filhos Seus, dizendo: Entrem na posse da vitória. A coroa da imortalidade é colocada na fronte dos vencedores (Youth’s Instructor, 20 de agosto de 1896).