sábado, 10 de novembro de 2012

Comentários - Lição 7 - Inimigo Invisível


Lição 7 – Inimigos invisíveis



Felippe Amorim
Professor de História, Ensino Básico Iaene e Graduando em Teologia, Salt-Iaene, 2012
Otoniel de Lima Ferreira
D.Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja Salt-Iaene

O planeta Terra está repleto de seres vivos. Muitos são animais grandes e pesados. Mas há uma parte significativa de seres vivos que nos são invisíveis. A maioria das doenças que contraímos é causada por seres microscópicos que, apesar de muito pequenos, são muito perigosos.

Por isso é tão importante lavar as mãos antes das refeições, lavar bem os alimentos, filtrar ou ferver a água, pois podemos ingerir minúsculos seres que trarão grandes prejuízos para nosso corpo.

É muito difícil lutar contra o que não se vê. No âmbito físico isso é uma verdade e no espiritual é ainda mais sério. Os maiores inimigos espirituais dos filhos de Deus também são invisíveis. O apóstolo Paulo escreveu sobre isso: “pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes” (Ef 6:12).

É verdade que enfrentaremos inimigos físicos na caminhada espiritual, mas eles são apenas uma figura do real inimigo invisível.
Quando enfrentamos problemas no matrimônio, o inimigo não é o cônjuge, a luta não é de um contra o outro, mas dos dois contra Satanás. As complicações na igreja não devem ser encaradas como a luta de um irmão contra o outro, mas dos irmãos contra o inimigo de Deus. Quando alguém é tentado, sua luta não é diretamente contra o objeto da tentação, mas sim contra o inimigo invisível. Enquanto os seres humanos lutam uns contra os outros, gastam a energia que deveria ser aplicada contra Satanás. Essa é a nossa principal luta e nela precisamos das armas de Deus para vencer.

Necessidade de todos
O apóstolo Paulo iniciou o texto bíblico de Efésios 6:10 com um conselho: “Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes permanecer firmes contra as ciladas do diabo; portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes” (Ef 6:10, 11, 13, IBB [Almeida Revisada Imprensa Bíblica]).

Esse conselho tem algumas implicações. A primeira é que não há força em nós mesmos para lutarmos as batalhas espirituais. Muitos que acreditam na autoajuda querem incutir na mente das pessoas a ideia de que temos um poder interior, mas a verdade é que toda força espiritual recebida vem de uma força externa. Outra implicação desse conselho paulino é que as ciladas do inimigo certamente virão. Todo cristão enfrentará alguma prova imposta pelo inimigo.

Como ilustração da solução para nossa fraqueza diante da guerra espiritual, o apóstolo evoca a imagem do soldado romano indo para a guerra, pois não podemos esquecer que estamos envolvidos em um conflito cósmico e nossas atitudes denunciam de que lado estamos. Quando os romanos iam para a guerra, vestiam uma armadura e Paulo sugere que nós também necessitamos de uma. Ele explica por quê. Primeiro, para ficarmos firmes contra as ciladas e depois para resistirmos no dia mau.

Esse recado não foi dado inicialmente para pessoas descomprometidas com o evangelho. O recado era para aqueles que estavam do lado de Deus na guerra, e para esses também chegam dias maus. Muitos pregam que, quando alguém aceita a Cristo não deve passar mais por problemas de nenhuma natureza, mas esses versos são opostos à teologia da prosperidade. Os problemas também chegam aos fiéis. A diferença está na maneira de enfrentar as tempestades da vida. Como diz o verso, eles permanecerão inabaláveis.

A armadura de Deus
O conselho de Paulo é que tomemos toda a armadura de Deus. E, logicamente, isso deve ser feito antes da batalha. O soldado veste a armadura antes de ir para a guerra. Se ele tentar se vestir durante a guerra, correrá sério risco de morte. Assim também o cristão deve estar preparado cada dia da vida para enfrentar o inimigo. Se esperar para se consagrar na hora da aflição, será vencido.

Outro detalhe é que o texto fala de toda a armadura. É necessária a armadura completa, pois qualquer parte desprotegida será alvo de ataque do inimigo. O diabo sempre nos tenta em nossos pontos fracos. Por isso precisamos protegê-los.

A primeira parte da armadura citada é o cinto da verdade. O cinturão tinha duas funções entre os romanos: proteção e sinal da patente. No âmbito espiritual, esse cinturão é a verdade, num sentido mais profundo que a mera oposição à mentira. É a verdade de Deus enraizada no coração. Paulo disse: “A verdade de Cristo está em mim; por isso, não me será tirada esta glória nas regiões da Acaia” (2Co 11:10). Somente quando tivermos a verdade de Deus em nossa vida estaremos seguros.

A parte seguinte é a couraça de justiça. Na antiga armadura romana, tratava-se de um colete que protegia a parte superior do corpo. Era proteção para o coração e os órgãos vitais. O elemento espiritual correspondente é a justiça de Cristo que cobre o filho de Deus e também a lealdade pessoal do cristão aos princípios bíblicos.

Devemos também calçar os pés com a preparação do evangelho da paz. Os soldados romanos usavam botas, que tornavam a caminhada mais firme. Espiritualmente, o guerreiro pode estar firme e em paz em meio aos conflitos espirituais. O evangelho significa boas-novas de salvação. É a notícia de que podemos ter vida em lugar de morte. Em uma guerra é muito bom termos esse alento. Podemos guerrear em paz porque a vida nos foi garantida na cruz.

O escudo da fé é o próximo acessório e o apóstolo diz que sempre devemos tê-lo. Os romanos usavam um escudo de madeira coberto com couro ou metal. Era grande o suficiente para cobrir o corpo todo e assim se protegiam dos dardos inflamados do inimigo. A fé se relaciona com todos os outros utensílios. Por isso precisamos dela sempre. João escreveu: "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" (1Jo 5:4). E Paulo também enfatiza: "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11: 6). A fé restaura a confiança e nos capacita para continuar na batalha, além de servir de proteção contra as chamas da tentação que vêm sobre nós.

“A obra de vencer o mal deve ser feita mediante a fé. Os que entram no campo de batalha compreenderão que devem cingir toda a armadura de Deus. O escudo da fé será sua defesa, habilitando-os a ser mais que vencedores. Coisa alguma servirá, a não ser isto: fé no Senhor dos exércitos e obediência às Suas ordens. [...] Sem fé, um exército de anjos não poderia ser auxílio. [...]” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 183).

Há mais elementos na armadura espiritual. Paulo ainda fala do capacete da salvação. O capacete romano geralmente era de couro, podendo ser também de metal e tinha como objetivo proteger o centro da inteligência. A esperança da salvação também tem esse efeito. Ela mantém sã a mente do cristão.

Finalmente, o último utensílio da armadura: A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Esta é a única parte da armadura que é ofensiva e defensiva ao mesmo tempo. A Bíblia nos defende dos ataques do inimigo e com ela atacamos o campo inimigo com a pregação do evangelho.

“Nossa única segurança contra cair no pecado é manter-nos constantemente sob a modeladora influência do Espírito Santo, empenhando-nos, ao mesmo tempo, ativamente, na causa da verdade e da justiça, cumprindo todo dever dado por Deus, mas não tomando nenhuma responsabilidade que Deus não tenha posto sobre nossos ombros. [...] Não se devem apoiar na própria sabedoria, mas na que vem de Deus, revestindo-se da armadura celeste, do equipamento da Palavra de Deus, não esquecendo nunca de que eles têm um Guia que nunca foi nem jamais será vencido pelo mal” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 488).

Além da armadura
O apóstolo Paulo não se esqueceu de um elemento importantíssimo nas batalhas espirituais. Mas ele o deixou fora da metáfora da armadura. Ele falou que devemos batalhar com “toda oração e súplica, orando em todo tempo” (v. 18). A ideia é de que a oração deve ser algo real antes, durante e depois do uso da armadura. “Orai sem cessar” (1Ts 5:17).

A oração não é um acessório. Ela tem que permear todos os momentos das batalhas espirituais. “A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir de modo que a a saúde da alma seja conservada. [...]. Se você negligenciar o exercício da oração, ou a ela se dedicar de vez em quando, segundo parecer conveniente, perderá sua firmeza em Deus” (Mensagens aos Jovens, p. 249, 250).

Resistência em qualquer situação
A armadura não é uma vacina contra o sofrimento. É uma forma de enfrentar as provas. O próprio Paulo sofria enquanto escrevia este texto: “pelo qual sou embaixador em cadeias, para que nEle eu tenha coragem para falar como devo falar” (v. 20). Ele estava preso ao redigir a carta aos Efésios.

As lutas são constantes na vida de quem se decide por Cristo, pois estamos posicionados contra um inimigo irado e desleal. “Lutam em toda pessoa, com veemência, dois poderes em disputa pela vitória. A incredulidade arregimenta suas forças, dirigidas por Satanás, a fim de separar-nos da Fonte de nossa resistência. A fé ordena suas forças, comandadas por Cristo, o autor e consumador de nossa fé. Hora após hora, em face do universo celestial, vai o conflito em prosseguimento. É uma luta mão a mão, e a grande questão é: Quem vencerá? Essa questão, cada um tem de decidir por si mesmo. Todos têm que tomar parte nessa peleja, combatendo de um ou de outro lado. Não há libertação do conflito. [...] (Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus [MM 1956], p. 328).

Não há em lugar algum da Bíblia a garantia de que não passaremos por aflições, mas a armadura garante que passaremos pelo sofrimento sem perder a fé e dependendo completamente de Deus. Mas podemos ter a certeza de que Jesus está interessado em nós. “Ele veio remir a humanidade e continuará a enviar mensagem após mensagem para salvar Seu rebanho dos enganos satânicos. [...] até que o Universo redimido esteja em paz” (Ellen G. White, Carta 100, 1906).

“Os que põem toda a armadura de Deus e devotam algum tempo cada dia à meditação, oração e estudo das Escrituras estarão em ligação com o Céu e terão uma influência salvadora, transformadora sobre os que os cercam” (Ellen G. White, Testimonies, v. 5, p. 112). “Toda pessoa verdadeiramente convertida vestirá a armadura de Deus, e enfrentará corajosamente o inimigo invisível” (Ellen G. White, O Cuidado de Deus, [MM 1995], p. 302). Portanto, vista-se agora com toda a armadura de Deus!

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