sábado, 27 de abril de 2013

Comentário - Lição 5 - Busque o Senhor e viva


Comentários

Busque ao Senhor e Viva!




Lição 5 - Busque o Senhor e viva! (Amós)

27 de abril a 4 de maio 




 

Luiz Gustavo S. Assis é formado em teologia pelo Unasp Campus 2 e atualmente exerce a função de pastor distrital no bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, RS.


 

Ampliação





No comentário anterior, abordamos o ambiente histórico do profeta Amós bem como seus dois principais assuntos (justiça social e julgamento), principalmente entre os capítulos 1 e 4. Sendo assim, o comentário desta semana tem como foco os capítulos finais (5–9) e uma abordagem mais prática, em vez de histórica e teológica. A seguir, você poderá ler alguns dos tópicos discutidos nesta semana e suas implicações para a prática do cristianismo:

1. “Buscai o bem e não o mal” (Am 5:14): Essa frase é parte do lamento do profeta pelo povo de Israel. No verso 15, a mesma ideia é repetida e de maneira mais enfática: “aborrecei o mal, e amai o bem”. Isso foi um desafio para os leitores/ouvintes de Amós e, com certeza, também é para nós. O mal, de maneira muito estranha, se tornou interessante para nossa geração. A violência e a perversão sexual são aplaudidas em Hollywood. Sites para relacionamento extraconjugal existem aos milhares. Tornou-se natural expor-se de maneira inadequada na internet, entre outras formas de comportamento. Como viver o apelo divino de buscar o bem? Acredito que dois passos sejam fundamentais nessa caminhada:

a. Reconhecer e detestar a própria pecaminosidade (nos atos, pensamentos e motivos), e decidir seguir o divino mandamento de total liberdade moral, integridade, e pureza. (cf. Sl 51:3-6; 1Co 6:18-20; Mt 5:28; Jo 8:32-36).

As palavras do profeta Ezequiel, se referindo a esse assunto, são claras: “Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos, que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniquidades e das vossas abominações.” (Ez. 36:31, RC). Somente consegue aborrecer o mal quem já experimentou o vazio que o pecado provoca no coração daquele que o pratica.

b. Consagrar e entregar a vontade (poder de escolha) para Deus a cada dia; aceitar Seu divino “transplante de coração”, habitar continuamente nEle e confiar em Seu poder protetor (cf. Sl 51:10; Pv 3:5-6; Rm 6:11-14; Jo 15:5; 1Pe 1:5; Gl 2:20; Ef 4:22-24).

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ez 36:26, 27, RC). Esse é um dos textos mais revolucionários da Bíblia. Leia novamente com atenção a parte destacada. É o próprio Deus, através do Seu Espírito, que nos leva à obediência! Seremos capazes de amar o bem somente se experimentarmos isso diariamente. Deveríamos seguir estritamente esse conselho de Ellen White:

“Consagrem-se a Deus pela manhã; façam disso sua primeira tarefa. Seja a sua oração: "Toma-me, Senhor, para ser Teu inteiramente. Aos Teus pés deponho todos os meus projetos. Usa-me hoje em Teu serviço. Permanece comigo, e permite que toda a minha obra se faça em Ti" (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 70).

2. Rituais vazios: Além da vida particular dos israelitas, Deus também estava preocupado com o ritualismo vazio. Acredito que seja impossível separar essas duas realidades, vida espiritual particular e  congregacional. A grande verdade é que, se eu não adoro a Deus particularmente, dificilmente serei capaz de adorá-Lo em família. E se eu não O adoro em família, dificilmente minha família e eu seremos capazes de adorá-Lo de maneira coletiva. Era exatamente isso que se via nos dias de Amós. Imagine Deus dizendo para a igreja que você frequenta: “Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer” (Am 5:21). Ou então: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (vs. 23). Uma simples reunião religiosa não garante a aprovação divina. O coração deve estar em sintonia com as palavras e com a mensagem.

Se o fundamento da adoração congregacional é a vida devocional, quem sabe seja útil para você, como professor da Escola Sabatina, compartilhar sua própria experiência de comunhão com Deus e apresentar meios que ajudem seus alunos. A seguir, menciono algumas sugestões dadas pelo teólogo adventista Jon Paulien em seu livro Deus no mundo real (CPB, 2008). Procuro sempre aplicá-las à minha vida devocional:

a. Oração pessoal: Esse é o primeiro aspecto da experiência religiosa que tende a perder espaço na vida de um cristão. Podemos passar a semana inteira sem orar e ainda assim conseguirmos aparentar um bom cristianismo, de maneira externa, evidentemente. Torne isso uma prioridade. Como mencionamos no segundo comentário da lição de Oseias, encontre alguém que o(a) auxilie nessa tarefa. Esse alguém deve ser mais experiente na caminhada espiritual do que você. Lembre-se de que uma vida de oração não é o mesmo que viver em um monastério. Você pode orar enquanto está dirigindo ou dentro do ônibus para o trabalho. O importante é sempre elevar o pensamento a Deus e expor-Lhe os verdadeiros sentimentos do coração. Será que estamos ocupados demais para orar?
No entanto, o ideal é dedicar um tempo especial para orar antes de sair para as atividades do dia. Isso nos motivará a manter a atitude de comunhão com Deus ao longo dia.

b. Cultive leituras espirituais interessantes: Sem uma vida de oração, o interesse por leituras espirituais tende a diminuir. Se isso não acontecer, a leitura bíblica se tornará incisiva, polêmica e irrelevante. Como desenvolver o hábito de leitura da Bíblia? Você pode acompanhar o movimento mundial da Igreja Adventista chamado “Reavivados por Sua Palavra”, a leitura de um capítulo por dia. Dou aqui dois conselhos: 1) não torne esse momento uma leitura teológica. Certa ocasião, tentei entender todos os tipos de sacrifícios de Levítico na minha leitura devocional. Não passou do primeiro dia! 2) Por causa disso, no começo, leia os trechos mais fáceis da Bíblia: Evangelhos, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Gênesis. Em seguida, leia o Novo Testamento inteiro. Depois, leia todo o Antigo Testamento. Ao ler Ezequiel, ou as longas porções sobre sacríficios nos livros de Levítico e Números, você poderá ter dificuldade de entender. Nesse caso, busque ajuda de pastores, anciãos e de outras literaturas teológicas. Poderá também pensar que esses trechos da Bíblia tratam apenas de informações técnicas e irrelevantes. Mas lembre-se de que toda a Bíblia é a Palavra de Deus. Somos desafiados a ler toda a Bíblia, buscando compreender sua mensagem, com a ajuda do Espírito Santo. Para isso, é preciso orar antes de ler a Bíblia, tendo respeito e devoção diante da Palavra do nosso amoroso Criador. Lembre-se: se você não adora a Deus de maneira particular, não será capaz de adorá-Lo em família.

c. Culto familiar: Culto familiar não é o culto sabático. Isso deve nos alertar sobre o perigo da demora nesse momento, especialmente para aqueles que têm filhos. Nosso culto familiar tem uma duração máxima de 20 minutos. Lemos um capítulo da Bíblia (Provérbios, Salmos, cartas de João, Colossenses, etc.) e alguns parágrafos de um livro de Ellen White (Parábolas de JesusMente, Caráter e PersonalidadeO Desejado de Todas as Nações”, etc.) e terminamos com uma oração. Lembro-me de uma família, mãe e filho, com quem convivi por quase dois meses em Tocantins. Eles não possuíam o conhecimento que eu estava adquirindo na Faculdade de Teologia, nem conheciam a gramática grega e hebraica que estavam bem claras na minha mente. No entanto, lembro-me de acordar ao som de hinos que ambos cantavam e de leituras de textos bíblicos. Por fim, não é o tanto que você sabe sobre Deus ou sobre a Bíblia que conta, mas como você vive essas verdades. Se não sabemos adorar em família, nossa adoração congregacional correrá sério risco de se tornar como a dos israelitas: vazia!

3. O Silêncio de Deus: “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a Terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do Senhor, e não a acharão” (Am 8:11, 12). Gostaria de olhar esse texto por outro ângulo. Vivemos numa geração marcada pela agilidade nas informações. Basta um clique para se descobrir informações que antigamente estavam apenas em obras de uma biblioteca universitária. No entanto, todo esse avanço trouxe séries consequências. Recentemente, tive acesso à obra “A Geração Superficial: O que a Internet Está Fazendo com o Nosso Cerébro”, de Nicholas Carr (Agir, 2012). Por meio de pesquisas recentes, o autor demonstra, entre outras coisas, como nossa capacidade de se concentrar está sendo minada graças à web; como o universo de informações diante dos nossos olhos está nos tornando cada vez mais superficiais em nossa compreensão de assuntos. Mais do que isso, como somos bombardeados por informações minuto a minuto, nosso cerébro acaba tendo dificuldade de selecionar o que é relevante e o que não é. Pior ainda, ele acaba pendendo para aquilo que é irrelevante.

Diante disso, faço duas perguntas para mim mesmo: 1) será que sentimos necessidade de buscar conhecer a vontade de Deus através da Sua Palavra?; 2) será que nosso ritmo desenfreado pode nos proporcionar a atenção necessária para entender aquilo que Deus deixou registrado em Seu livro?

Certa vez, alguém disse que um benefício do comunismo na antiga União Soviética e na China foi deixar vazios os corações dos moradores dessas nações. Por causa disso, o cristianismo cresce assustadoramente nessa parte do mundo. De maneira paralela, quando a Bíblia se torna um simples objeto, também nos tornamos vazios e corremos o risco, como Saul, de procurar respostas em locais extremamente perigosos (cf. 1 Sm 28).

Futuro glorioso: Os versos finais do livro de Amós trazem consigo a esperança de um futuro glorioso. O conhecimento de Deus seria espalhado entre os povos da Terra, não apenas no território de Israel. Foi assim que a igreja primitiva viu o cumprimento dessas palavras de Amós (cf. At 15:15-18). Durante essa semana mais de 17 milhões de adventistas espalhados ao redor do mundo estão estudando as profecias de Amós. Que melhor ilustração do que esta para demonstrar como o conhecimento de Deus não ficou limitado às fronteiras do espaço e do tempo de Israel no 8º século a.C.? Isso deve nos confortar com o pensamento de que os esforços missionários de muitas igrejas podem aparentar um fracasso, mas a Palavra de Deus age como uma bigorna, esmagando vícios, filosofias e abrindo corações para a mensagem do evangelho.

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