domingo, 25 de março de 2012

Meditação Matinal de 25 á 31 de março


Meditação Matinal
De 25 á 31 de março

25 de março Domingo

O Crescimento da Graça

Um ramo verde surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo. Isaías 11:1, The Message

Logo após eu discursar num concílio de pastores, um deles me procurou para fazer uma pergunta pessoal:

– Como você consegue permanecer tão animado e otimista mesmo depois de tantos anos no ministério?

É verdade, desfrutei de um longo ministério – 47 anos, no momento em que escrevo estas linhas. “Desfrutar” é o termo exato para ser usado. Minha vida e trabalho foram, e continuam sendo, ricamente abençoados.

Não entendo a razão de ter sido, como muitas pessoas dizem hoje, “tão sortudo”. Não creio na sorte; creio na graça. Tudo o que entrou em meu caminho ou saiu de minhas mãos é fruto da graça.

Já se passaram muitos anos (não sei dizer exatamente quantos) desde que comecei a me conscientizar do milagre da graça. Foi logo depois de ter aceitado Jesus como Salvador e Senhor, depois de ter aceitado Seu chamado para o ministério. Sim, aceitei o amor perdoador de Deus e senti Sua presença transformadora em minha vida. A graça entrou em ação e foi simplesmente maravilhoso.

Mas de alguma forma – não de repente, nem através de algum livro, ou sermão, ou situação que possa apontar – comecei a viver na graça. Comecei a sentir Jesus em minha vida, enaltecido continuamente em meu coração, e sempre com louvor em meus lábios. Comecei a aceitar a verdade aparentemente inacreditável de que Ele me ama incondicionalmente, assim como sou, à medida que continua a convidar-me para subir cada vez mais na escala espiritual.

Talvez tudo isso tenha começado quando passei a tentar a tratar os outros com graça – ou seja, como Deus me trata. Foi aí que a sua força total me alcançou pessoalmente. Foi então que comecei a perceber quão egoísta, preconceituoso e, sim, até mesmo racista eu era.

De alguma forma isso aconteceu e fui favorecido. Sou favorecido. Jesus me concedeu vida nova, acolhendo-me em Sua família como Seu filho. Isso é tudo o que importa hoje e eternamente.

Graça significa crescimento. Graça significa esperança, esperança de que uma flor irá desabrochar no deserto, de que de uma raiz seca, aparentemente sem vida, brotará um ramo verde. Não apenas um ramo, mas o Ramo, Jesus, Aquele que traz luz das trevas e vida da morte.

26 de março Segunda

A Mensagem de Crônicas

Davi, junto com os comandantes do exército, separou alguns dos filhos de Asafe, de Hemã e de Jedutum para o ministério de profetizar ao som de harpas, liras e címbalos. Esta é a lista dos escolhidos para essa função. 1 Crônicas 25:1

Quantos cristãos sinceros se dispõem a ler a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, apenas para ver suas aspirações afundarem no banco de areia do livro de Crônicas? As genealogias aparentemente infinitas e as intermináveis listas de nomes, com raras narrações intercaladas, realmente dificultam a leitura. Poderíamos dizer que, assim como a lista telefônica, o elenco é excelente, mas o enredo é fraco.

A Bíblia possui apenas um Autor, mas muitos escritores. Não se trata de um único livro, mas uma biblioteca com 66 livros que diferem amplamente em conteúdo e gênero. Todos os 66 livros, no entanto, possuem um único propósito: revelar a vontade de Deus e Seu plano para nós. Todos eles nos contam como Deus é, o quanto é grande, poderoso, maravilhoso e, acima de tudo, cheio de graça.

Eugene H. Peterson capturou a essência dos dois escritos que formam o primeiro e o segundo livro de Crônicas. Na versão bíblica The Message, em que tentou colocar a Bíblia na linguagem contemporânea, Peterson incluiu uma introdução aos livros de Crônicas (assim como fez com os demais livros da Bíblia) e notas explicativas:

“Nomes iniciam essa história, centenas e centenas de nomes, listas de nomes, páginas e mais páginas de nomes, nomes pessoais. Não há como contar uma história verdadeira sem mencionar nomes, e essa imersão em nomes chama a atenção ao indivíduo, ao único, ao pessoal, que é inerente à espiritualidade. [...] A história sagrada não foi construída por meio de forças impessoais ou ideias abstratas; foi tecida através de nomes – pessoas, todas únicas. Crônicas apresenta uma defesa sólida contra a religião despersonalizada.

“Crônicas testemunha a respeito do lugar essencial e primordial que a verdadeira adoração deve ocupar na vida humana. [...] Da forma como foi narrada essa história de Israel, percebe-se que nada está acima da adoração como forma de nutrir e proteger nossa identidade como povo de Deus – nem a política, a economia, a vida em família ou a arte. E nada do que diz respeito ao preparo, à conduta na adoração, é pequeno demais para ser deixado ao acaso ou à imaginação – nada na arquitetura, corpo de funcionários ou teologia.”

Diante disso, posso apenas responder: amém! O Deus do Universo, Aquele que nos criou e nos redimiu; o Deus da graça imaculada, que nos conhece por nome, sabe tudo a nosso respeito e nos ama mesmo assim.

27 de março Terça

Cheio de Graça

Deus é bom para todos; tudo o que Ele faz está cheio de graça. Salmo 145:9, The Message

Há várias maneiras de olhar o mundo. Uma delas é encarar tudo o que acontece como sendo o resultado direto de causas naturais. Tudo o que vemos ao redor, tudo o que foi, é e será possui uma explicação lógica que pode ser encontrada se pesquisarmos a fundo o suficiente.

Mais e mais pessoas, especialmente nas sociedades desenvolvidas, têm adotado essa visão. Para elas, Deus morreu no início da era científica moderna com toda a tecnologia que veio em seguida. Estamos sozinhos no vasto e frio Universo; não temos nenhuma esperança de vida depois que nossa breve existência chegar ao fim.

Há vários anos, alguém muito querido para mim faleceu repentinamente. Lutei com a ideia de viajar meio mundo para comparecer ao seu funeral, mas, devido a várias razões, decidi simplesmente enviar uma mensagem para ser lida às pessoas ali reunidas.

Mais tarde, recebi a gravação em áudio do funeral e senti-me muito mal. Durante a cerimônia inteira, nenhuma oração fora proferida, nenhum hino entoado, nenhum verso bíblico lido e nenhuma menção foi feita ao nome de Deus. Liderados por um “elogiador”, os membros da família apenas partilharam recordações do falecido. No fim, o “elogiador” tocou uma das músicas prediletas do finado: “Os Três Tenores”. Que jeito de viver! Que jeito de morrer!

Outras pessoas enxergam o mundo através dos olhos embaçados pela superstição. Atribuem forças para o bem ou mal, poderes invisíveis que podem nos atacar e pôr fim à nossa vida. De acordo com elas, devemos lidar com tais forças com cuidado e segundo um ritual apropriado. Muitos professos cristãos possivelmente possam ser classificados nessa categoria.

A maneira como eu enxergo o mundo é totalmente diferente das apresentadas acima. Trata-se da maneira bíblica, a maneira que afirma que há um Deus, um Deus que Se comunica conosco e que é amor. Esse Ser, que é todo-poderoso, “é bom para todos”. Tudo o que Ele faz – tudo – está cheio de graça.

Não estou sozinho no vasto e frio Universo. Não estou sujeito aos caprichos das forças malignas. Sou filho do Rei do Céu, conhecido e amado pessoalmente por Ele como se fosse a única pessoa no planeta.

Como sei que isso não é uma ilusão? Porque Ele enviou Jesus, e Ele era “cheio de graça” (Jo 1:14).

28 de março Quarta

No Limiar da Vida

Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim, até que entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios. Salmo 73:16, 17

Uma das características no livro de Salmos que mais me chamam a atenção é a grande sinceridade com que foram escritos. Ali Davi, Asafe e outros se expressaram a Deus por meio de uma vasta gama de experiências humanas: alegria, deleite, desespero, dor, raiva, frustração. Os salmos são orações escritas originalmente para serem cantadas, mas são mais diretas e confrontantes do que qualquer oração que você venha a ouvir na igreja hoje.

No Salmo 73, encontramos Asafe diante de uma questão muito, muito antiga: Por que as pessoas más parecem dar-se tão bem na vida e as pessoas boas às vezes se dão mal? Essa preocupação é tão moderna quanto o dia que acabou de nascer.

“Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei”, confessou Asafe (v. 2). Ele caiu na armadilha da inveja (sempre uma falta autodestrutiva) ao ver a arrogância e a prosperidade dos ímpios. Na visão de Asafe, aqueles que ignoravam a Deus não enfrentavam lutas, eram saudáveis e fortes e levavam a vida sem carregar nenhum fardo. Não tinham limites para o orgulho, a violência, a crueldade, o escárnio e a opressão que marcavam sua vida. Viviam como se Deus não prestasse atenção ou não Se importasse, porque nunca interveio em seus atos de maldade.

Você já se sentiu como Asafe? Já sentiu vontade de perguntar: “Deus, onde estás? Por que não fazes algo para pôr fim à desgraça que os ímpios têm causado ao mundo?”

Asafe concluiu: “Meus esforços de seguir a Deus e viver uma vida de acordo com Sua vontade são inúteis. É melhor desistir, pois são os justos, não os ímpios, que enfrentam dificuldades.”

Ao focarmos os pontos negativos, acabamos caindo em depressão. Foi o que aconteceu com Asafe. Essa era uma questão muito deprimente para ele. Asafe, porém, decidiu caminhar um pouco. Chegou ao santuário – o Templo – e as nuvens se desfizeram. Sua visão estava limitada; o santuário, porém, a ampliou.

“Então compreendi o destino dos ímpios” (Sl 73:17). Os ímpios podem parecer trafegar pela Avenida Fácil, sem nenhuma preocupação no mundo, mas estão na verdade na Rampa Escorregadia. De repente caem para a grande ruína, rumo ao esquecimento. A casa, que parecia tão segura, era feita de cartas. Porém, os justos serão vindicados.

29 de março Quinta

A Clematite Relutante

Por isso disse ao que cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra?” Lucas 13:7

Nunca plantei uma figueira, mas já me senti como o homem mencionado na parábola. Tive problemas com uma clematite que frustrou todas as minhas tentativas em fazê-la florescer. Parecia que sempre me desafiava a tentar uma nova estratégia de “ataque”.

Por muitos anos admirei as clematites no quintal do meu vizinho que ressurgiam a cada primavera e floresciam em abundância embelezando o lugar. Queria um pé de clematite em meu quintal também e tinha até escolhido o local para plantá-la: ao lado da caixa do correio próximo ao meio-fio. Imaginei-a enrolando-se no suporte da caixa do correio e decorando-o com flores roxas e avermelhadas.

Mas havia um problema: o solo ao redor da caixa do correio era duro e rochoso. Certa vez tentei fazer um canteiro de flores ali, mas infelizmente as mudas morreram sob o calor do Sol. Assim, a cada primavera sonhava com uma clematite crescendo ali, mas a cada verão acabava decidindo relizar o sonho no ano seguinte.

Foi então que certa primavera me deparei com mudas de clematites numa loja. Através do plástico transparente na parte dianteira da caixa, pude observar os brotos verdes. Aquelas clematites estavam prontas! Comprei duas mudas, levei-as para casa e comecei a imaginar como plantá‑las da melhor forma.

Algumas semanas se passaram antes que eu pudesse preparar o canteiro para as clematites, mas por fim consegui plantá-las. Esperei, esperei. Finalmente, um broto insistente apareceu, depois outro. Parecia que estavam lutando para sobreviver e cresceram apenas poucos centímetros durante o verão.

No ano seguinte tentei outra vez. Mais uma caixa. Plantei novamente, aguei, fertilizei. O resultado foi pior. Em agosto as mudas atrofiadas estavam secando. Logo morreram.

Na primavera seguinte – surpresa! Mal pude acreditar no que via. As clematites ressurgiram saudáveis e fortes do período de hibernação. Cresceram, enrolaram-se em volta do suporte e floresceram em abundância e beleza.

Estou feliz que, assim como o homem mencionado na parábola, concedi outra chance às clematites. É dessa mesma forma que Deus age conosco.

30 de março Sexta

Heróis Modernos

Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra corajosa de seu testemunho. Eles não amaram a si mesmos e se dispuseram a morrer por Cristo. Apocalipse 12:11, The Message

Uma das histórias mais impressionantes de 2006 foi a incrível façanha de Mark Inglis, que escalou o Monte Everest com pernas artificiais. Inglis, instrutor de alpinismo, foi apanhado por uma forte nevasca no Monte Cook na Nova Zelândia em 1982. Forçado a abrigar-se numa caverna de gelo por duas semanas, sofreu frio intenso e ambas as pernas tiveram que ser amputadas logo abaixo do joelho.

Mas Inglis não ficou sentado se lamentando por seu infortúnio. Em vez de sentir pena de si mesmo, voltou a estudar e se tornou bioquímico e pesquisador. Além disso, continuou praticando alpinismo e, em 2002, voltou a subir o Monte Cook com pernas artificiais. Mas foi em maio de 2006 que conquistou o impossível: o topo do Monte Everest!

Admiro Mark Inglis. Ele é um herói moderno. Admiro todos aqueles que superam os infortúnios da vida, que se recusam a desistir, cuja determinação e coragem os mantêm prosseguindo até realizarem aquilo que outros chamam de impossível.

A Bíblia é o livro dos heróis. Os homens e mulheres cuja vida ilumina as páginas desse livro sagrado – Moisés e Davi, Ester e Débora, Pedro e Paulo – fizeram coisas maravilhosas. Eram corajosos tanto em pensamento quanto em ação. Em seu dicionário não existia a palavra “impossível”, pois Deus estava com eles, motivando-os, inspirando-os, concedendo-lhes poder. Eles continuaram até alcançar o topo que Deus havia designado.

Em pé no primeiro lugar da fila, acima de todos os outros, encontra-se o Líder. Jesus é o maior herói da Bíblia. “Por nunca ter perdido de vista para onde estava indo – o final feliz com Deus – Ele pôde suportar tudo ao longo do caminho: a cruz, a vergonha, qualquer coisa” (Hb 12:2, The Message).

Deus está em busca de heróis modernos. Em busca de jovens que, inspirados pelo sonho divino, façam coisas maravilhosas para a glória de Seu nome e para o bem da humanidade. Sim, atos heroicos que superam até mesmo a conquista do Everest.

Muitas pessoas sonham em se tornar heróis. Mas os heróis de Deus não amam a si mesmos; amam a Jesus, o Cordeiro cujo sangue os libertou para uma nova vida e um novo propósito.

31 de março Sábado

O Presente e a Exigência

Então o senhor chamou o servo e disse: “Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?” Mateus 18:32, 33

Há uma discussão muito antiga entre os cristãos sobre a função divina e a função humana na salvação do homem. Alguns cristãos colocam todo o peso no lado divino, reduzindo a ação humana a nada. No outro extremo, encontra-se a teologia que torna a vontade humana tão forte que por si mesma pode levar a pessoa convertida a obedecer à lei de Deus.

Debates como esse geralmente trazem à tona os escritos do apóstolo Paulo. Paulo ensinou com muita clareza que a salvação ocorre unicamente pela graça por meio da fé (ver Ef 2:9). O julgamento, entretanto, será de acordo com as obras (ver Rm 14:10-12). Como essas ideias aparentemente contraditórias podem estar em harmonia? Para mim, a resposta não se encontra num argumento teológico, mas sim nas parábolas de Jesus. Dentre elas, a parábola do servo impiedoso (Mt 18:21-35) oferece a explicação mais clara de todas.

Lembra-se dessa parábola? Aqui está um homem que deve ao rei uma grande soma de dinheiro – dez mil talentos. Para compreendermos melhor o tamanho da dívida, dez mil é o maior número registrado no livro e um talento é a maior unidade monetária. Hoje poderíamos falar, quem sabe, em 50 milhões ou um bilhão para termos uma ideia. O homem implora para que o rei lhe conceda um prazo para pagar a dívida. Quanto tempo será que ele espera viver? Ele nunca será capaz de pagar. Mas, para sua surpresa, o rei perdoa tudo o que ele deve. Simples assim. “Você está livre. Cancelei a sua dívida”, diz.

Agora, esse mesmo homem que teve uma dívida enorme perdoada se encontra com um conhecido que lhe deve 100 denários (alguns milhares de reais).

O devedor implora para que o homem lhe conceda um prazo a fim de que possa pagar a dívida. O homem, porém, o manda para a prisão. Finalmente, a notícia chega aos ouvidos do rei, que fica muito zangado. Ele manda chamar o homem que tinha recebido o perdão da enorme dívida e lhe diz que, por causa de suas ações, o perdão fora cancelado.

Essa é uma parábola do reino do céu, uma história sobre a graça. Poderíamos resumi-la em duas palavras: presente e exigência. A salvação é um presente, um presente maravilhoso, mas esse presente vem acompanhado de uma exigência. A graça que nos perdoa nos transforma à semelhança de Deus.

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