sábado, 17 de novembro de 2012

Comentário - Lição 8 "A igreja a serviço da humanidade"


Lição 8 – A igreja a serviço da humanidade



Felippe Amorim
Professor de História, Ensino Básico Iaene e Graduando em Teologia, Salt-Iaene, 2012
Otoniel de Lima Ferreira
D.Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja Salt-Iaene
Introdução
Existem muitos modelos arquitetônicos de igrejas. Há igrejas de diferentes tamanhos e formatos. Certa vez, conheci uma igreja que funcionava em uma casa que havia sido um ponto de venda de drogas. Na África, muitas igrejas funcionam debaixo de árvores.
O que determina que um ambiente se torne uma igreja? Quem se reúne embaixo de uma árvore está em uma igreja? Como posso saber se um prédio é uma igreja ou não? O que é uma igreja?

A igreja é necessária?
Deus sempre teve um povo ao longo da história. Nos tempos do Antigo Testamento era o povo de Israel. Quando Jesus veio à Terra, Sua igreja eram Seus discípulos. O Apocalipse fala que Deus tem um povo remanescente nos momentos finais da história do pecado.

No sermão da montanha (Mt 5-­7), o  Mestre fala de uma comunidade que teria as características dos Seus seguidores.

Embora tenha pronunciado apenas duas vezes a palavra ekklesia (igreja), Jesus fez muitas referências a ela. Existem muitos termos equivalentes nas palavras do Novo Testamento: rebanho, ramos da videira, etc.

Mateus mostra que Cristo tinha a clara intenção de constituir um povo Seu, uma igreja Sua: “Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja [...]” (Mt 16:18).

Paulo também falou sobre a igreja de Cristo: “Escrevo-te estas coisas, embora esperando ir ver-te em breve, para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade” (1Tm 3:14, 15).

“Os cristãos genuínos são testemunhas de Deus no que corresponde ao poder da graça divina e à sabedoria dos propósitos de Deus. Quando deixam de cooperar plenamente com o plano celestial para restaurar no homem a imagem de Deus, indevidamente se atrasa o dia da restauração desta Terra. A menos que o poder de Deus e Seus propósitos se cumpram na vida dos que se chamam Seus filhos, parecerão ser certas as acusações de Satanás (ver  1:9; Patriarcas e Profetas, p. 22). Paulo insiste com os membros da igreja para que reflitam na vida os princípios da verdade que dizem que praticam” (Comentário Bíblico Adventista).

Paulo repetiu esse conceito em Gálatas 2:9: “Quando conheceram a graça que me fora dada, Tiago, Cefas e João, que pareciam ser as colunas, deram a mim e a Barnabé as destras de comunhão, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão”.

As palavras esteio ou baluarte são tradução do grego edráioma e poderiam ser traduzidas também como basesustentosuporte oufundamento.  “A igreja de pessoas redimidas, ocupadas ativamente no programa de restaurar no homem "a imagem de seu Autor" (Ellen G. White, Educação, 15), é uma das principais demonstrações da suprema eficácia da verdade. Não é suficiente um simples assentimento aos princípios da verdade; estes devem se refletir plenamente na vida” (Comentário Bíblico Adventista).

Origem da palavra
Estudar a origem da palavra igreja nos ajuda a entender um pouco melhor esse assunto. “A palavra inglesa para igreja (church) e os termos cognatos em outras línguas (Kirk em escocês; Kerk em holandês; e Kirche em Alemão) derivam da palavra grega Kuriakos, “aquilo que pertence ao Senhor”. Ela traduz geralmente a ekklesia do Novo Testamento (EK [para fora] e KLESIS [chamar]), termo usado entre os gregos para designar um grupo de cidadãos reunidos para discutir assuntos de Estado” (Tratado de Teologia Adventista, p. 602).

Nesse caso, igreja seria um grupo de pessoas separadas do mundo. “Na terminologia cristã, ekklesia designava a “congregação” ou comunidade dos chamados por Deus para sair do mundo e ser Seu povo” (Tratado de Teologia Adventista, p. 602).

Resumindo, a igreja é um grupo de pessoas chamadas para sair do mundo e pertencer exclusivamente a Deus. Portanto, a existência ou não de uma igreja não depende de um prédio. Depende muito mais do propósito pelo qual as pessoas se reúnem em determinado lugar.

Imagens bíblicas da igreja
A Bíblia usa diversas metáforas para falar da igreja e cada uma delas nos mostra um aspecto diferente dela.

Paulo fala da igreja como corpo de Cristo (1Co 12:27). Essa figura nos diz que a igreja deve funcionar de forma harmônica como um corpo. Cada membro exerce a função para a qual foi designado e dessa forma o conjunto funciona bem. Além disso, um corpo só pode ser identificado como tal se estiver unido e essa é também uma característica da igreja.

Outra metáfora bíblica para a igreja é noiva. Em Mateus 25 lemos uma parábola nesse sentido (Mt 25:1). Trata-se de uma cena de um casamento antigo, em que Jesus é representado pelo noivo e a igreja é representada pela noiva. Considerar a igreja como noiva exalta o aspecto do compromisso que deve haver entre a igreja e Jesus.

Encontramos ainda a metáfora da igreja como templo (Ef 2:20-21). O templo era o lugar em que as pessoas sacrificavam e encontravam a salvação por meio da simbologia da morte do cordeiro. Da mesma forma, é na igreja que se apresenta a morte de Cristo como suficiente para nos salvar de nossa condição de perdidos.

Povo de Deus é outra forma pela qual o Novo Testamento se refere à igreja (1Pe 2:9). Essa passagem demonstra o aspecto da exclusividade da igreja em sua relação com Cristo. Não deve haver relacionamento com outro deus no convívio da igreja.

Não devemos deixar de mencionar a igreja como pilar e alicerce da verdade (1Tm 3:15). Este aspecto já foi abordado anteriormente.

A missão da igreja
Ao longo das Escrituras podemos perceber Deus enviando pessoas para missões especiais. Sem dúvida, o maior dos enviados de Deus foi Seu próprio Filho Jesus Cristo (Gl 4:4). Jesus, por Sua vez enviou os doze (Lc 9:1, 2). Cristo também estendeu a ordem a todos os Seus seguidores de todos os tempos (Mt 28:19, 20).

O Senhor começa com uma palavra simples e profunda: “Ide”. Essa nos dá ideia de movimento. A igreja que estiver estagnada espiritualmente não poderá cumprir a missão. É necessário sair da zona de conforto, deixar o banco da igreja “esfriar” um pouco e partir para o campo de trabalho.

“Quando Abraão foi chamado para se tornar semeador da semente da verdade, foi-lhe ordenado: "Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei" (Gn 12:1). [...] Assim, todos os que são chamados para se unirem a Cristo precisam deixar tudo para segui-Lo. Antigas relações precisam ser cortadas, planos de vida abandonados, esperanças terrenas renunciadas. Com trabalho e lágrimas, na solidão e por sacrifício, a semente deve ser lançada” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 37).

Alguém disse: “A igreja está obesa”. A pessoa estava se referindo ao fato de que muitos cristãos vivem apenas de “consumir” sermões e não fazer nada em favor da obra de Deus. Para não fugir da metáfora, obesidade é causada, entre outras coisas, por falta de atividade física, ou seja, a igreja está “obesa” porque se alimenta, mas fica parada. O pior é que obesidade pode fazer adoecer e até levar à morte. Precisamos de exercícios espirituais com urgência!

O segundo passo da estratégia é: “Fazei discípulos”. Discípulo é aquele que segue o Mestre. Nosso primeiro objetivo em relação àqueles que não conhecem a Cristo é torná-los seguidores dEle. Devemos motivá-los a isso. O apóstolo Paulo nos indica o caminho para influenciar pessoas. “O amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14). O caminho é fazer as pessoas entenderem o imenso amor de Jesus e a dádiva da Salvação. Então, elas O seguirão. A primeira lição é a da justificação pela fé na graça de Deus.

O discípulo não conhece tudo de seu Mestre nos primeiros contatos, mas, entende que deve segui-Lo irrestritamente. Os ensinamentos básicos devem ser passados para o novo converso e o restante ele aprenderá com o tempo: “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18).

O próximo passo será é o batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Não é necessário que a pessoa tenha “todo o conhecimento” da Bíblia para dar o passo do batismo. Entre outras, a doutrina da salvação deve ser ensinada, pois do bom entendimento dela deriva uma vida cristã vitoriosa. Quando entendemos o que Deus fez por nós, ficamos tão gratos que desejamos retribuir com obediência irrestrita. As evidências do preparo de uma pessoa para o batismo são: conhecimento da vontade do Mestre e disposição para segui-Lo na prática dessa vontade. Assim, a pessoa aceitará as outras doutrinas bíblicas.

É importante que se conheça as exigências da vida cristã antes do batismo, para que se possa avaliar criteriosamente a decisão que alguém tomará. Porém, o texto bíblico nos sugere que depois do batismo a pessoa crescerá no conhecimento e na prática das doutrinas e normas cristãs. Mesmo após três anos de aulas com Jesus, Seus discípulos ainda não compreendiam bem a cruz e a natureza do reino de Deus. Por que deveríamos exigir um conhecimento perfeito dos que são apenas embriões espirituais? A consolidação do conhecimento virá no decorrer da vida cristã.

O passo seguinte é ensinar “a guardar todas as coisas” ordenadas por Jesus. Após o batismo, a pessoa precisa continuar sendo instruída na Palavra de Deus. Até que aprenda “todas as coisas”. Isso envolve todas as doutrinas bíblicas, como reforma de saúde, regras de vestuário, liturgia e a tarefa de ir.

“[...] De século em século, através de sucessivas gerações, as puras doutrinas do Céu têm sido desdobradas dentro de seus limites. Fraca e defeituosa como possa parecer, a igreja é o único objeto sobre que Deus concede em sentido especial Sua suprema atenção. É o cenário de Sua graça, na qual Se deleita em revelar Seu poder de transformar corações” (Atos dos Apóstolos, p. 12)

“A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir e sua missão é levar o evangelho ao mundo. Desde o princípio tem sido plano de Deus que, por meio de Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência. [...] A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja será, a seu tempo, manifesta, mesmo aos "principados e potestades nos Céus" (Ef 3:10), a final e ampla demonstração do amor de Deus” (Atos dos Apóstolos, p. 9)

“A igreja de Deus é o recinto de vida santa, plena de variados dons e dotada com o Espírito Santo. Os membros devem encontrar sua felicidade na felicidade daqueles a quem ajudam e abençoam” (Atos dos Apóstolos, p. 12)

“Maravilhosa é a obra que o Senhor Se propõe realizar por intermédio de Sua igreja, a fim de que Seu nome seja glorificado” (Atos dos Apóstolos, p. 13)

Jesus espera que a igreja entenda a importância de se manter unida. Ele mesmo pediu isso ao Pai em Sua oração sacerdotal (Jo 17:21, 23).

Mantendo-se unida e fiel aos ensinamentos de Cristo, a igreja poderá alcançar seu triunfo final quando Jesus retornar à Terra para buscar os Seus fiéis e levá-los às mansões celestiais.

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