terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Comentário nº12 "As últimas coisas: Jesus e os salvos"


As últimas coisas: Jesus e os salvos



Felippe Amorim
Professor de História, Ensino Básico Iaene e Graduando em Teologia, Salt-Iaene, 2012
Otoniel de Lima Ferreira
D.Min. Professor de Evangelismo e Crescimento de Igreja Salt-Iaene


O santuário celestial
No plano da redenção, a morte e ressurreição de Cristo são os eventos mais importantes. Foi no monte Calvário que o problema do pecado foi definitivamente resolvido. Tendo o sangue expiatório de Jesus sido derramado sobre aquele madeiro, a justiça de Deus foi satisfeita e os seres humanos poderiam desfrutar novamente da vida eterna.

Porém, a justiça de Cristo e Seus méritos precisam ser aplicados a cada pecador arrependido. Por isso Jesus Se dirigiu para o santuário celestial após a ressurreição. Lá, Ele faz o trabalho de intercessor em favor de cada pecador que aceitar Seu sacrifício.

Para entender o trabalho de Cristo no santuário celestial é necessário entender primeiro os rituais do santuário do Antigo Testamento. Todos os dias eram sacrificados animais que apontavam para a morte do Cordeiro de Deus que tiraria o pecado do mundo (Jo 1:29).

Na Bíblia não encontramos uma explicação para a origem do sistema sacrifical. A primeira vez que ele aparece (Gn 4:2-5) já acontece como se fosse bastante conhecido dos homens.

Muitos personagens bíblicos fizeram sacrifícios. Caim e Abel (Gn 4:3), Noé (Gn 8:20), Abraão (Gn 22) e muitos outros. Portanto, a ideia de um substituto para o pecado do homem é tão antiga quanto o próprio homem.

No pátio do santuário havia um altar de sacrifícios, ao lado de uma bacia de bronze que era utilizada para que os sacerdotes lavassem as mãos. No lugar santo havia uma mesa sobre a qual ficavam doze pães. Em frente à mesa ficava o candelabro de ouro. Ainda no lugar santo ficava o altar de incenso, diante do véu do santíssimo.  No lugar santíssimo ficava a arca da aliança, dentro da qual estavam as tábuas dos dez mandamentos. Sobre a arca havia o propiciatório.

À medida que os sacrifícios eram feitos no pátio, o santuário ficava impuro e uma vez por ano o sumo sacerdote entrava em todos os compartimentos do santuário para fazer sua purificação.

Todo esse ritual era uma figura que apontava para o santuário real que existia (e existe) no Céu. Diz o autor de Hebreus sobre Jesus: “Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem (Hb 8:2).

O livro de Hebreus apresenta diversas evidências da existência do santuário celestial. Encontramos, por exemplo, que o santuário é um lugar real e que Cristo entrou nele após Sua ascensão (Hb 4:14-16; 6:19-20; 9:24; 10:12) e lá está realizando uma obra sacerdotal (7:27).

“Seguindo os ensinos do Antigo Testamento, Hebreus defende a existência de um santuário real no Céu. As passagens que parecem sugerir uma interpretação metafórica do santuário celestial, quando examinadas mais detidamente, apoiam uma interpretação literal” (Tratado de Teologia Adventista, p. 436).

O que está acontecendo no santuário celestial desde 22/10/1844, de acordo com a profecia de Daniel 8:14, é o grande dia da expiação, que é o antítipo do dia da expiação no santuário terrestre. Jesus está, portanto, está diante do Pai, intercedendo em favor de cada um de nós.

A segunda vinda de Cristo
Quando Cristo terminar Seu ministério sumo sacerdotal no santuário celestial, voltará finalmente para buscar todos aqueles que aceitaram Seu sacrifício expiatório. Essa é a grande promessa da Bíblia, apresentada em João 14: 1-3.

Existem muitos motivos para ser cristão: A tradição da família, os princípios cristãos que nos ajudam a viver em paz neste mundo conturbado, o hábito e outros motivos que nos levam a frequentar a igreja. A despeito de todos os motivos acima mencionados, nenhum é mais importante para justificar a vida cristã do que a esperança da volta de Jesus.

As palavras de João 14:1-3  foram proferidas por Jesus aos Seus discípulos quando eles estavam angustiados pela iminência da separação de seu Mestre. Eles ainda não compreendiam muito bem as palavras de Jesus a respeito dos acontecimentos que em breve ocorreriam e ficaram amedrontados ao pensar que teriam que continuar o trabalho sem seu Senhor.

Nesse contexto, Jesus fez a mais linda e importante promessa da Bíblia: A Sua segunda vinda. É a mais importante promessa das Escrituras, primeiramente porque é o motivo da nossa jornada cristã. A existência de escolas, hospitais e igrejas adventistas só se justifica se o pano de fundo for a esperança da volta de Jesus. Se essas instituições perderem esse foco, perderão também o razão de existir.

Outro motivo que torna a promessa de João 14:1-3 o mais importante tema da Bíblia é que esta é a única e realmente eficiente solução para os problemas do mundo. Por mais que tenhamos estratégias para combater a violência, a destruição do meio ambiente, a corrupção e outros problemas que têm afetado cada um de nós, nenhuma delas é absoluta. Somente a vinda de Jesus dará a solução final para os problemas da humanidade.

O primeiro grande ensinamento dessa promessa é que crer é o segredo para a tranquilidade. Os discípulos estavam com o coração agitado, cheios de perguntas sem respostas, cheios de medos e incertezas. Assim como, às vezes, acontece conosco hoje, eles não conseguiam viver com tranquilidade. Jesus, então, lhes deu a receita infalível para uma vida de paz: “credes em Deus, crede também em Mim”. A fé, a entrega de nossa vida a Deus em atitude de completa confiança, é a única maneira de vivermos em paz em meio às tempestades. A primeira parte da promessa garante que podemos viver um vislumbre do Céu na Terra quando cremos no Senhor.

O Salvador continuou Sua preciosa promessa falando do lugar para o qual iremos. A expressão usada é muito interessante. Ele disse que na “casa do Pai” há muitas moradas e que iria preparar um lugar para nós. No Céu não haverá pessoas que morarão mais próximas do trono de Deus e outras mais distantes. Não haverá periferia no Céu. Todos moraremos na mesma casa, sem distinção, sem classificação, todos teremos um quarto dentro da casa do Pai.

Existe, porém, a parte central da promessa. Jesus disse: “Voltarei”. Todas as palavras de Jesus não teriam sentido se não existisse essa parte. Só podemos viver tranquilos e sonhando com a casa do Pai porque Jesus prometeu voltar. Essa é a maior e mais importante doutrina Bíblica e, consequentemente, motivo maior da existência da Igreja Adventista do Sétimo Dia.. O nome nosso já diz isso: Somos adventistas.

Essa esperança moveu os nossos pioneiros. O ano de 1844 é, sem dúvida, um marco na nossa história. Naquele ano, milhares de pessoas aguardaram a vinda de Jesus para o dia 22 de outubro. A vontade de ver o Senhor era tão grande que para eles não havia assunto mais importante do que esse. Em qualquer momento e para qualquer pessoa eles falavam sobre esse evento.

Nos meses que antecederam a data marcada, os adventistas milleritas venderam tudo o que tinham e investiram na pregação sobre a vinda de Jesus. O evento era prioridade para eles, portanto, não mediam esforços para proclamá-lo.

O dia 22 de outubro de 1844 chegou e com ele uma alegria que não cabia no coração. Era o dia do encontro com o Salvador. O líder do movimento, Guilherme Miller, havia trabalhado arduamente para pregar a mensagem da vinda de Cristo e muitas pessoas também desejavam ver Jesus nas nuvens dos céus. O dia passou, a noite chegou e Jesus não veio. Ocorreu um grande desapontamento.

Não seria diferente para Miller, era a segunda vez que ele se decepcionava. Muitos zombaram dele e sua vida se tornou dolorosa. Mas, em vez de desanimar, ele afirmou que tinha uma nova data para a vinda do Senhor. Ele disse que aguardaria Jesus para “hoje, hoje e hoje, até que Ele [viesse]”. Que fé!

Mais de 160 anos já se passaram desde aqueles dias e, infelizmente, alguns adventistas do sétimo dia não mais têm acesa em seu coração a chama da crença na vinda de Jesus. Vivem como se não tivessem essa esperança. Não falam, não sonham e não se preparam para esse evento. Parece que este mundo está bom demais para que desejem sair dele.

Não existe real motivo para a vida cristã se não arder em nosso coração o anseio pela vinda de Jesus. Parece estar demorando, mas o tempo é de Deus, não nosso. Nossa preocupação deve estar na nossa condição. O “quando” é de Deus. Precisamos voltar a ter a chama da fé na vinda de Jesus em nosso coração. Não podemos nos deixar abater por causa do tempo. Devemos fazer como Guilherme Miller: aguardar Jesus para “hoje, hoje e hoje, até que Ele venha”. A chama não pode se apagar!

Ellen White faz um alerta sobre esse assunto: “Por que a doutrina e pregação da segunda vinda de Cristo foram tão mal recebidas pelas igrejas? Enquanto que, para os ímpios, o advento do Senhor traz miséria e desolação, para os justos está repleto de alegria e esperança. [...] Foi o compassivo Salvador que, antecipando-Se aos sentimentos de solidão e tristeza de Seus seguidores, incumbiu anjos de confortá-los com a certeza de que Ele viria outra vez, em pessoa, assim como foi para o Céu. [...] Não se regozijavam porque Jesus deles Se houvesse separado, e tivessem sido deixados a lutar com as provações e tentações do mundo, mas pela certeza dada pelo anjo de que Ele viria outra vez.

“A proclamação da vinda de Cristo deveria ser agora, como quando foi feita pelos anjos aos pastores de Belém: boas-novas de grande alegria. Os que realmente amam o Salvador saúdam com alegria o anúncio da Palavra de Deus, de que Aquele em quem se centralizam as esperanças de vida eterna, virá outra vez, não para ser insultado, desprezado e rejeitado, como se deu no primeiro advento, mas com poder e glória, para remir Seu povo. Os que não amam o Salvador é que não desejam Sua vinda. E não poderá haver prova mais conclusiva de que as igrejas se afastaram de Deus do que a irritação e a animosidade despertada por esta mensagem enviada pelo Céu” (Cristo em Seu Santuário, p. 63).

Morte e ressurreição
No mundo há muita controvérsia a respeito da morte. A doutrina espírita tem invadido cada vez mais o pensamento ocidental. A imortalidade da alma foi a primeira mentira dita neste planeta. Por meio da serpente, Satanás disse para Eva: “Certamente não morrereis” (Gn 3:4). Essa filosofia aos poucos invadiu o mundo religioso e tem entrado com muita força no mundo cristão. Muitas das grandes denominações religiosas do cristianismo já defendem a imortalidade da alma.

A doutrina espírita dispensa a necessidade humana de um salvador, pois por si mesma a alma humana vai reencarnando até chegar ao ponto da perfeição. Quanto mais a doutrina espírita afetar a igreja cristã, mais distante de Jesus estarão aqueles que assim acreditam.

O espiritismo está muito difundido no mundo. Quase todos os filmes produzidos pela indústria cinematográfica têm algum elemento de espiritismo. Os desenhos animados há muito tempo deixaram de ser inocentes entretenimentos. Hoje, eles servem como um dos maiores formadores de futuros espíritas, ao colocarem as crianças em contato com a doutrina da vida após a morte de uma forma bem “divertida”.

“[...] A Palavra de Deus declara que os mortos não sabem coisa nenhuma; até seu ódio e seu amor já pereceram. Temos de recorrer à segura palavra da profecia como nossa fonte de autoridade. A menos que sejamos versados nas Escrituras, quando esse extraordinário poder satânico de realizar milagres for manifesto em nosso mundo, poderá acontecer de sermos enganados e atribuirmos a Deus os enganos! [...] Se Satanás conseguir fazer-nos crer que existem na Palavra de Deus porções não inspiradas, ele estará, então, preparado para enlaçar-nos. Não teremos segurança, nem certeza no momento mesmo em que precisarmos saber qual é a verdade” (Review and Herald, 18 de dezembro de 1888).

A Bíblia é clara a respeito do estado dos mortos. Eclesiastes 9:5 é apenas um dos diversos textos que falam a respeito da mortalidade da alma. Do ponto de vista bíblico, portanto, a verdade de Deus é que todos os que morrem estão em um estado semelhante ao de um sono profundo, esperando o dia da ressurreição, “os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5 29).

Ellen White descreve o momento da ressurreição dos justos: “O Rei dos reis desce sobre a nuvem, envolto em fogo chamejante. Os céus se enrolam como um pergaminho, a Terra treme diante dEle e todas as montanhas e ilhas se movem de seu lugar. [...]

"[...] a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: ‘Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!’ Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão. E a Terra inteira ressoará com o passar do exército extraordinariamente grande de toda nação, tribo, língua e povo. Do cárcere da morte eles vêm revestidos de glória imortal, clamando: ‘Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?’ (1Co 15:55). E os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória.

“Todos saem do túmulo com a mesma estatura que tinham quando ali entraram. [...] Todos, porém, surgem com a vivacidade e o vigor de eterna juventude. [...] As formas mortais, corruptíveis, destituídas de vigor, poluídas pelo pecado, se tornam perfeitas, belas e imortais. Todos os defeitos e deformidades são deixados no túmulo. [...]

“Os justos vivos são transformados ‘num momento, num abrir e fechar de olhos’. À voz de Deus eles foram glorificados; então se tornam imortais e, com os santos ressuscitados, são arrebatados para encontrar seu Senhor nos ares. Os anjos ‘ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus’ (Mt 24:31) [...] Amigos há muito separados pela morte se reúnem para nunca mais se separarem e, com cânticos de alegria, ascendem juntamente para a cidade de Deus” (O Grande Conflito, p. 641, 642, 644 e 645).

Que esse dia chegue logo e todos nós estejamos preparados!

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